segunda-feira, 19 de março de 2012

4º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


As três leituras deste domingo da quaresma devem despertar em todos nós uma grande confiança em Deus, porque todas elas nos falam do imenso o amor de Deus para conosco, de sua infinita misericórdia.

O texto do II livro das crônicas descreve um período dramático da história do povo de Israel. A cidade de Jerusalém foi conquistada duas vezes por Nabucodonosor, o templo destruído e o povo deportado para a cidade da Babilônia. Tudo isso, fruto da infidelidade de Israel à aliança com Deus. Deus, porém, se compadeceu de seu povo e através do rei Ciro que conquistou Babilônia, libertou o povo de Israel e o conduziu de volta a sua terra e o templo de Jerusalém foi reconstruído.

Deus é fiel e misericordioso. Ele nunca nos esquece, nem nos abandona, nós é que, muitas vezes, lhe voltamos às costas. Israel foi descobrindo durante sua história que Deus só tinha uma razão para se revelar a ele e escolhê-lo como povo eleito entre todos os povos: seu amor gratuito. Israel compreendeu também que por amor, Deus não desistiu de salvá-lo e perdoar os seus pecados, a sua infidelidade. No Novo Testamento, o amor de Deus se nos manifestou de uma maneira ainda mais evidente, mais tangível, e dirigido a todos os povos, sem distinção. Deus é rico em misericórdia e nos amou tanto que nos enviou o seu próprio filho Jesus, não para condenar o mundo, mas para que nós sejamos salvos por ele, afirmam São Paulo na Carta Efésios e São João no evangelho.

Esta é a razão porque Deus nos deu o seu único Filho: por amor, para a nossa salvação, e para que tenhamos a vida eterna.

Jesus é o maior presente que Deus Pai deu ao mundo e a nós cabe nos aproximar dele, acolhê-lo na fé, que é um dom de Deus, viver unido a Ele, e, por isso, a necessidade de pedir a Deus a graça da fé.

Aquele que crê no Filho de Deus, aquele que o aceita pela fé, possui desde já a vida verdadeira e definitiva que chegará à plenitude na eternidade quando se manifestar o que somos de fato desde o batismo: filhos de Deus e cidadãos do céu. Esta vida de união com Deus pela graça só pode ser destruída pelo pecado.

A vida de união com Deus no plano espiritual e sobrenatural e a esperança de vida eterna, não exige que renunciemos a nossos desejos de felicidade também nesta terra, pois Deus “tudo criou para que de tudo desfrutemos” (1 Tm 6, 17). A Igreja não se preocupa só com a vida eterna, como afirmam alguns, embora o anúncio do evangelho para a salvação de todos é a tarefa primordial da Igreja. As situações desumanas em que vivem muitos dos nossos irmãos contradiz o projeto de Deus para a humanidade e não pode deixar a nós cristãos indiferentes. A nossa fé em Jesus Cristo deve impelir mais do que aqueles que não têm fé a trabalhar pela construção de um mundo no qual todos possam desenvolver em plenitude sua existência humana, um mundo que seja sinal do Reino definitivo, reino de justiça e de paz, que esperamos.

Estamos na quaresma, tempo de conversão, de reconciliação com Deus e com os irmãos. Todos somos pecadores, por isso necessitamos acolher o perdão que Deus nos oferece no sacramento da reconciliação, e nos prepararmos para experimentar as alegrias pascais da ressurreição de Jesus.

segunda-feira, 5 de março de 2012

2º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


A primeira leitura da liturgia da palavra deste domingo narra a dura prova a que foi submetido o Patriarca Abraão. Deus pediu a Abraão o sacrifício do seu filho único Isaac, o herdeiro das promessas. Abraão obedeceu cegamente e Deus retribuiu esta confiança inquebrantável, livrando seu filho de ser sacrificado e renovando as promessas feitas a Abraão: “Te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar”. A história de Isaac mostra que Deus nunca abandona seus projetos de vida para os homens.

Paulo na carta aos Romanos faz uma leitura do sacrifício de Isaac à luz do sacrifício de Cristo e afirma que Deus não poupou o seu próprio Filho, ao contrário, o entregou por todos nós. Este é o grande mistério do amor de Deus. Ele amou tanto o mundo que nos enviou o Filho unigênito que morreu por nós, ressuscitou e está sentado à direita do Pai e intercede por nós. Por meio do sacrifício de Jesus Cristo é que Deus nos salvou. Como a Abraão e ao apóstolo Paulo, nos tocam, muitas vezes, momentos difíceis de sofrimentos, de cruz, mas a certeza de que Deus nos ama e está conosco nos fortalecerá e nos ajudará a não recuar no caminho da fé. “Se Deus está por nós, quem estará contra nós?”

No evangelho, Marcos descreve a experiência de Pedro, Tiago e João, da transfiguração de Jesus, no alto de um monte. No meio das nuvens, ouvem uma voz que diz: “este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz”. Em Jesus, Deus vai selar uma aliança nova e definitiva com a humanidade. Somente depois da morte e ressurreição de Jesus, é que os três apóstolos compreenderão a experiência da transfiguração. Esta experiência permitiu aos apóstolos antever o final glorioso da paixão e morte de Jesus, mas eles deverão antes escutar e seguir o Mestre até a paixão e morte de cruz.

O tempo da quaresma nos convida a aprofundar-nos no amor de Deus para conosco por meio da contemplação amorosa da cruz. Uma das práticas piedosas do povo cristão neste tempo é o exercício da Via-Sacra. A meditação da paixão e morte de Jesus através das estações da Via-Sacra nos enche de paz, serenidade, esperança, amor e perdão.

Os romeiros que vem a Aparecida não deixam de subir o Morro do Cruzeiro, com sacrifício,meditando e rezando, diante dos quadros da Via-Sacra. É certamente, um momento de graça para todos os romeiros, sobretudo, neste tempo da quaresma. Você pode fazer este exercício de piedade também em sua paróquia ou comunidade e até mesmos em casa.

Da contemplação serena da paixão de Cristo, brotará, certamente, um desejo profundo de ajudar o irmão sofredor que está próximo de nós. Que a meditação da paixão de Cristo nesta quaresma nos ajude a nos comprometermos mais com os irmãos enfermos, como nos propõe a CF. Que esta Campanha, como afirma o Papa Bento XVI, “suscite, a partir de uma reflexão sobre a realidade da saúde no Brasil, um maior espírito fraterno e comunitário na atenção dos enfermos e leve a sociedade a garantir a mais pessoas o direito de ter acesso aos meios necessários para uma vida saudável.” A paixão de Cristo nos revela que somos pecadores e necessitamos da misericórdia do Pai. Foi por causa de nossos pecados que Cristo morreu na cruz para a nossa salvação.

Aproveitemos também deste tempo quaresmal para experimentar a misericórdia, o perdão, o amor de Deus no sacramento da penitência, para recuperar a graça divina e nos fortalecer no combate contra o pecado, contra o mal.