domingo, 24 de fevereiro de 2013

2º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


Cada ano, no segundo  domingo da quaresma, a liturgia da palavra nos apresenta a transfiguração de Jesus na versão de um dos três evangelistas sinóticos. Pedro, Tiago e João viram a glória de Jesus. Seu rosto mudou de aparência e suas vestes ficaram muito brancas e brilhantes. 

Na transfiguração produziu-se uma mudança que afetou todo o corpo de Jesus. Ele manifestou a sua glória aos três apóstolos.  Esses três apóstolos prediletos de Jesus não estavam habituados a isso e se assustaram  e ficaram com medo, pois não compreenderam o que estava acontecendo “quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra e entraram dentro da nuvem”. Por isso, a voz do Pai que saiu da nuvem dá testemunho da identidade de Jesus:  “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz”. 

Por um instante, Jesus  mostra sua glória divina e Pedro deseja prolongar aquele momento celeste sobre a terra: “Mestre, é bom estarmos aqui.  Vamos fazer três tendas: uma para ti; outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo, pois, Jesus, o Messias,  sabia que sua  paixão e morte na cruz, o conduziriam à ressurreição e o próprio Pedro ainda teria que sofrer muito até chegar a felicidade plena. Também para nós cristãos, a meta não é a cruz, mas a nossa transfiguração e de toda criação na ressurreição de Cristo.  

Todos  temos em nós este desejo profundo de felicidade, de vida em plenitude. Todos  somos convidados a tornar-se discípulo de Cristo, a segui-lo e escutar sua palavra na Sagrada Escritura, no ensinamento da Igreja, para chegar como Ele à glória, a vida eterna, pois como afirma São Paulo na segunda leitura de hoje, “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante  ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas”. 

Na primeira leitura escutamos a aliança de Deus com Abraão. Deus lhe promete uma terra e uma descendência. É um sinal da Aliança nova e eterna  que  Deus selará conosco por meio de seu Filho Jesus, que derramará seu sangue por todos nós.  Apesar do longo caminho a percorrer e das provações  que teve de enfrentar, Abraão não duvidou das promessas do Senhor. 

Na segunda leitura, Paulo exorta a comunidade de Filipos e também cada um de nós a adequar nossa vida com o estilo de Jesus. Paulo lembra-nos que somos cidadãos do céu e devemos, portanto, viver à luz desta  perspectiva da vida futura,  e guiados por valores mais elevados como a solidariedade, a fraternidade, o amor, a justiça, o respeito à dignidade da pessoa do meu irmão,  e não levar uma vida reduzida aos horizontes deste mundo, como se a vida terrena fosse  a única vida. 

A Quaresma é também um convite a todos nós  para fazermos como os três apóstolos no monte Tabor, uma experiência de encontro com Jesus Cristo  na oração, alimentada pela leitura e meditação diária da Palavra de Deus, na aproximação do sacramento da reconciliação, na eucaristia,  para renovar nossa adesão a Cristo, fortalecer nossa vida cristã e nos prepararmos para celebrar a Páscoa de Cristo e a nossa páscoa.

Na quaresma, a Igreja no Brasil realiza a Campanha da Fraternidade que, neste ano, no 50º. ano de sua criação, tem como tema: Fraternidade e Juventude e  o lema: “Eis-me aqui, envia-me” (IS 6,8). A CF convida os jovens, conforme as palavras de Bento XVI, “a buscar  no Evangelho de Jesus o sentido da vida, a certeza de que é através da amizade com Cristo que poderemos conhecer o caminho que nos leva à plena plenitude.” 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MIssa de posse da nova direção da Rede Aparecida


Estamos na primeira semana da quaresma, tempo de conversão, de preparação para a celebração da Páscoa de Cristo e de nossa páscoa. Entre os meios que o evangelho nos propõe para nos ajudar a nos convertemos mais completamente a Deus nesta quaresma, está a oração

A primeira leitura nos apresenta um modelo de oração numa situação de angústia. Ester mulher judia foi escolhida pelo rei persa Assuero, como esposa e pela sua beleza, prudência e súplica conseguiu salvar o seu povo judeu do extermínio tramado pelo ministro Amã. Ester viveu um momento de angústia por todo o seu povo e busca refúgio em Deus. “Senhor, meu Deus, vem em meu socorro, pois estou só e não tenho defensor fora de ti.” Ester comparece perante o rei sem ser chamada, colocando, assim, em risco sua vida. Ela confia só em Deus e salva o seu povo. 

O Evangelho que escutamos  nos mostra que Deus é Pai. Ele é bom e só dá coisas boas aos  seus filhos que somos todos nós. Quando pedimos alguma coisa a Deus na oração, devemos confiar que Ele nos atenderá e deixar que Ele nos responda e não querer apresentar a Ele a nossa resposta antecipada. Se já temos a resposta antes mesmo de escutar o que Deus vai nos responder, então não precisamos pedir, nem esperar a resposta de Deus.

“Pedi  e vos será dado”, disse Jesus, mas Ele não disse que nos será dado exatamente aquilo que pedimos. “Procurai e achareis”. Quando se procura, acha-se, mas pode acontecer de encontrar algo melhor do que aquilo que se procurava e se esperava encontrar.

“Batei e a porta vos será aberta.” Quando se bate à  porta, ela ao ser aberta, não nos dá a certeza do que vamos encontrar atrás da porta.

Orar é colocar-se diante de Deus, como um filho  que se põe diante do seu pai. Orar é dialogar com Ele e, sobretudo, escutar o que Deus Pai quer nos dizer. Rezar é confiar em Deus e colocar em Suas mãos a solução do pedido, do problema que lhe confiamos. É  colocar-se nas mãos de Deus, certo de que Ele encontrará uma solução e, certamente, dará a solução melhor do que aquela que já tínhamos em mente e queríamos sugerir antecipadamente a Deus. 

Hoje, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, temos a tentação de confiar somente em nossa inteligência, na nossa capacidade, no nosso trabalho, e excluir qualquer intervenção de Deus em nossa vida, nos nossos projetos e nossos planos. A quaresma nos convida a cultivar a oração em nossa vida e a buscar viver segundo  a vontade de Deus, como pedimos no Pai-Nosso: “seja feita a vossa vontade”, pois Ele só quer o nosso bem.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

1ª Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


Na Quarta-Feira passada iniciamos no calendário litúrgico  da Igreja o tempo da quaresma, tempo de preparação para a celebração da  Páscoa de Cristo e da nossa páscoa. No  Brasil, no mesmo dia, foi feito o lançamento da Campanha da Fraternidade, com o tema: “Fraternidade e Juventude”  e o lema: Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8)

Cada ano, no primeiro domingo da quaresma,  a liturgia da palavra nos apresenta Jesus no deserto, tentado pelo demônio, durante quarenta dias. Neste domingo, o texto que acabamos de escutar é do evangelista Lucas. 

Jesus durante a sua vida terrena viveu uma dupla experiência: enquanto homem foi provado e experimentou a tentação, mas enquanto Deus é conduzido pelo Espírito e permaneceu firme na sua obediência filial a Deus-Pai e resistiu a toda tentação do demônio.

Pode-se dizer que as três tentações de Jesus, no deserto, se reduzem a uma só: a tentação de abandonar o caminho de um messianismo humilde, de rejeitar o caminho da cruz e da obediência para nos salvar, conforme o plano  de Deus-Pai, em troca de um caminho de glória, de poder, auto-suficiência humana, apresentado por Satanás. Numa palavra, a verdadeira tentação de Satanás era levar Jesus a ignorar que ele é o Filho de Deus e agir ao contrário de um filho.

Lucas termina o texto do evangelho de hoje, dizendo: “o diabo afastou-se de Jesus para retornar no tempo oportuno”. O que Lucas quer nos dizer é que o malígno, mesmo depois de derrotado por Jesus, não desistiu de tentar desviá-lo do seu caminho. No momento da paixão, que Lucas chama de “a hora do poder das trevas”, o maligno tentará pela última vez desviar Jesus do caminho da cruz, da paixão e morte. 

Os chefes do povo zombavam e diziam: “a outros salvou, que salve a si mesmo, se é o  Cristo de Deus, o Eleito”. Os soldados também caçoavam dele e diziam: se és o rei dos judeus,  salva-te a ti mesmo.” Mas a fé e a intimidade de Jesus com o Pai o levam  a permanecer fiel até o fim e com a sua ressurreição e exaltação à direita do Pai, derrotou definitivamente a Satanás.

Ao escutar o evangelho de hoje, certamente, sentimo-nos identificados com as três tentações enfrentadas por Jesus.

“Todas as tentações que nós experimentamos, diz Orígenes, escritor eclesiástico   do século II, Jesus experimentou primeiro em sua carne. Ele foi tentado para que também nós possamos  vencer graças à sua vitória”.

O evangelho nos adverte para não cairmos na tentação de considerar os bens materiais como o mais importante em nossa vida ou a colocar o dinheiro, o poder, a fama, o prazer como valores supremos no lugar de Deus, que é o único Senhor a quem devemos adorar e servir.

A Campanha da Fraternidade deste ano  tem como objetivo geral: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”. 

Para que isso aconteça, a Campanha propõe como passos os seguintes objetivos específicos: propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida; possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos e sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Abertura da CF 2013 no Santuário Nacional - 13.02.13


Iniciamos, hoje, o tempo da quaresma que se estende até a tarde da 5ª feira-santa. A quaresma é tempo de conversão, isto é, de mudança de vida, tempo de reconciliação com Deus e com o próximo  para que possamos chegar à Páscoa, renovados espiritualmente.

A imposição das cinzas, com a  fórmula: “Lembra-te  que és pó e em pó te hás de tornar”, ou “convertei-vos e crede no evangelho”, recorda-nos nossa natureza humana, frágil, limitada, pecadora. Recebendo as cinzas em nossa cabeça, expressamos nosso arrependimento e ao mesmo tempo o desejo de percorrer nesta quaresma o caminho de conversão, de renovação espiritual que nos levará à alegria da Páscoa, do Cristo ressuscitado que é luz e vida para nós. Na sua carta pastoral “Porta Fidei”, o Papa Bento XVI nos recorda que o Ano da Fé é um convite a uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. 

Esta conversão consiste em crer e viver o Evangelho. A imposição das cinzas é um sacramental, não é um sacramento, e seus efeitos espirituais dependem da disposição interior das pessoas que os recebem, como a disposição à conversão, a viver os compromissos batismais para celebrar, renovados espiritualmente, a Páscoa de Cristo e a nossa páscoa. 

Os textos das leituras de hoje e os textos litúrgicos nos chamam à conversão, ao arrependimento de nossos pecados, e à prática de boas obras, sobretudo, de obras de caridade. 

O profeta Joel convida o povo a voltar para o Senhor com todo o coração, e São Paulo insiste com os coríntios: “deixai-vos reconciliar com Deus e a não perder a oportunidade que Deus nos dá.”  É agora  o momento favorável, diz São Paulo, é agora o dia da salvação.

No evangelho de Mateus, Jesus nos adverte que o importante é viver de maneira coerente a nossa fé e nos propõe três práticas penitenciais, próprias da tradição do povo judeu que são confirmadas por Jesus, mas que devem ser cumpridas com sinceridade e sem hipocrisia: a esmola, a oração e o jejum. 

O que Jesus nos pede nesta quaresma é um verdadeiro exame de consciência sobre nossas relações com os outros, a esmola; nossas relações com Deus, a oração, e conosco mesmos, o jejum.  Jesus nos convida a praticar a caridade, a dedicar mais tempo à oração, tendo como fonte a Palavra de Deus a exercitar-nos no domínio de nós mesmos, para vivermos como discípulos de Jesus Cristo.

É importante que cada um faça o seu programa  de vida nesta quaresma para melhor aproveitar este tempo de graça. Cada um deve examinar a sua vida cristã a luz do Evangelho e decidir em que aspectos da vida cristã precisa crescer mais. 

No Brasil, realiza-se neste tempo quaresmal, a Campanha da Fraternidade que neste ano tem como tema: “Fraternidade e Juventude”  e lema: “Eis-me aqui, envia-me!”, tirado do capítulo 6º., do profeta Isaías. 

O objetivo geral desta Campanha é: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”. 

Para que isso aconteça, a Campanha propõe como passos os seguintes objetivos específicos: propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida; possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos e sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.

Fazemos votos para que a CF seja um importante instrumento de evangelização  e contribua para que os nossos jovens possam tornar-se protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna inspirada no Evangelho. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ordenação Episcopal de Monsenhor Darci Nicioli


É grande a alegria de nos encontrarmos nesta majestosa basílica dedicada à Senhora da Conceição Aparecida, em torno de Monsenhor Darci José Nicioli, que, nesta celebração, será ordenado bispo e se tornará magno sacerdote – sacerdos magnus -  para apascentar o rebanho que o Senhor lhe confiará.

Saúdo fraternalmente a todos os que aqui comparecem para participar deste solene acontecimento. Acolho calorosamente os Senhores Arcebispos e os Senhores Bispos.  Cumprimento o Revmo. Padre Michael Brehl, Superior Geral da Congregação dos Missionários Redentoristas, e o Padre Luiz Rodrigues, Superior Provincial.  Saúdo os queridos sacerdotes diocesanos, os missionários redentoristas, diáconos, religiosos, seminaristas e fiéis da Arquidiocese de Aparecida. De modo especial, cumprimento os familiares de Monsenhor Darci, seus conterrâneos de Jacutinga, os amigos e romeiros vindos de outros lugares.  

Apresento minha saudação às autoridades presentes. A todos, de maneira muito cordial e fraterna, acolho nesta Casa da Mãe Aparecida. 

Monsenhor Darci, o anúncio de sua nomeação pelo Santo Padre Bento XVI, para Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aparecida, ocorrido no dia 14 de novembro último, foi recebido com grande entusiasmo pelo clero, religiosos e fiéis da Arquidiocese. Hoje, quase três meses após a divulgação da alvissareira notícia, reunimo-nos em comunidade para sua ordenação episcopal. Neste lugar sagrado, nesta Basílica da Padroeira do Brasil, Vossa Reverendíssima, por longos anos, prestou relevantes serviços nas funções de Ecônomo e de Reitor do Santuário Nacional. Seu dinamismo, liderança, espírito empreendedor e, sobretudo, seu amor a Nossa Senhora, distintivo de todo missionário redentorista, ficarão na memória e no coração dos romeiros devotos de Nossa Senhora Aparecida. 

Muito obrigado, Monsenhor Darci, caríssimo irmão, amigo e colaborador de tantas jornadas, pelo honroso convite para conferir-lhe a ordenação episcopal, tendo ao meu lado, como consagrantes, meus queridos irmãos, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, e Dom Pedro Fré, Bispo Emérito de Barretos, seu confrade na Congregação dos Missionários Redentoristas.

Caríssimos irmãos e irmãs: 

A imagem do pastor, quando se fala do amor de Deus a seu povo, é frequentemente lembrada na Sagrada Escritura. Como tantos outros autores sagrados, também o profeta Ezequiel desenvolve esse tema no seu livro, do qual escutamos há pouco um breve texto, retirado do capítulo 34. Em oposição aos maus pastores, isto é, os chefes políticos e religiosos do povo de Israel, Ezequiel anuncia que o próprio Deus procurará suas ovelhas e delas cuidará. “Sairei à procura da ovelha perdida e reconduzirei ao redil a desgarrada; enfaixarei a que estiver ferida e cuidarei da doente, velarei sobre a gorda e forte; eu as apascentarei com justiça.” 

Essa profecia de Ezequiel tornou-se realidade na pessoa de Jesus, que, no Evangelho há pouco proclamado, retoma a imagem do pastor para definir sua missão: “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas.” O mercenário, que não é pastor, ao contrário, não se importa com as ovelhas; trabalha por interesses escusos, quando vê o perigo, abandona-as  e foge.

O Bom Pastor constitui a imagem privilegiada à qual o Bispo deve, continuamente, configurar-se. Assim escreveu o Bem-Aventurado João Paulo II na Exortação Apostólica Pastores Gregis: “A figura ideal do Bispo com que a Igreja continua a contar é a do pastor que, configurado com Cristo na santidade de vida, se dedica generosamente em favor da Igreja que lhe foi confiada, tendo no coração ao mesmo tempo a solicitude por toda a Igreja espalhada pela terra.” (nº 1) 

Conforme os evangelhos sinóticos, Jesus, dentre os seus discípulos, escolheu doze e os chamou apóstolos. Com estes, formou um colégio, um grupo estável, que tinha Pedro como chefe, como cabeça.  Antes de sua Ascensão, Jesus, com sua autoridade e poder, enviou-os para prolongar, no espaço e no tempo - até o fim dos séculos -, sua missão. “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”, disse-lhes Jesus. “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”  (Mt 28,18-20).

Em razão do mandato de Jesus, os apóstolos tiveram o cuidado de constituir sucessores, para que, como atesta Santo Irineu, a tradição apostólica fosse manifestada e guardada ao longo dos séculos. A especial efusão do Espírito Santo de que foram repletos os apóstolos pelo Senhor ressuscitado foi comunicada por eles, por meio do gesto da imposição das mãos, aos seus colaboradores. Estes, por sua vez, transmitiram-na com o mesmo gesto a outros, e estes, sucessivamente, a outros mais, sem ser jamais interrompidos os elos dessa corrente apostólica. 

É o gesto, queridos irmãos e irmãs, que nós, bispos, vamos repetir daqui a pouco, por meio do qual, juntamente com a prece de ordenação episcopal que vamos proferir, será conferida a  Monsenhor Darci a plenitude do sacramento da ordem. Será ele, assim, constituído membro do colégio episcopal, sucessor dos apóstolos, cuja cabeça é o sucessor de Pedro, atualmente o Papa Bento XVI, que preside a Igreja na unidade e na caridade.

Ao bispo é confiada tríplice função na Igreja: a primeira e mais importante  delas é a de Servidor da Palavra de Deus. Essa missão é simbolizada pelo livro dos evangelhos que será colocado aberto sobre a cabeça do bispo ordenando. A segunda missão é a de Santificador, pela administração dos sacramentos. A terceira,  como escutamos da leitura do Evangelho, é a de Servidor do povo de Deus, que deve ser exercida, conforme o coração de Cristo, o Bom Pastor: com caridade, conhecimento do rebanho e solicitude com todos, em particular com os pobres, na defesa corajosa da vida e da dignidade humana; na promoção do diálogo ecumênico e inter-religioso; na busca das ovelhas perdidas para reconduzi-las ao único redil, que é a Igreja.

Ao tratar, na Pastores Gregis,  do caráter colegial do ministério episcopal, o Bem-Aventurado João Paulo II faz também referência ao Bispo Auxiliar: “Cada Bispo em comunhão com os irmãos no episcopado  e com o Papa, representa Cristo Cabeça e Pastor da Igreja, não só quando recebe o cargo de pastor de uma Diocese, mas também, quando colabora com o Bispo diocesano no governo de sua Igreja, como é o caso do Bispo Auxiliar” (nº 8).

Caro Monsenhor Darci, como Bispo Auxiliar, Vossa Reverendíssima é chamado, a partir de hoje, a exercer seu múnus episcopal em comunhão com o Bispo diocesano, o presbitério, os fiéis leigos a serviço da porção do povo de Deus que caminha nesta Arquidiocese e, também,  dos milhões de romeiros que acorrem ao Santuário para agradecer as graças recebidas e suplicar as bênçãos de Deus e a proteção de Nossa Senhora. 

Em sua nova missão, é igualmente chamado a abraçar, com amor e dedicação, a caminhada e a vida desta Igreja local, muito querida do povo brasileiro, pelo privilégio de ter, em seu território, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira e Rainha do Brasil. No dizer de Paulo VI, ela é pequena, territorialmente, mas insigne pela importância e pelo alcance de seu trabalho evangelizador em todo o território nacional.

Prezado Monsenhor Darci, agradeço-lhe a disponibilidade em aceitar sua designação para Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aparecida, colocando-se ao serviço do Reino,  com humildade e mansidão, a exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor,  manso e humilde de coração, que veio para servir e não para ser servido, que veio para dar a vida por suas ovelhas. Presto-lhe minha homenagem por sua ordenação, venerando a sacralidade do episcopado que lhe vai ser conferido, reconhecendo nele a plenitude do sacerdócio.

O seu lema – “Signum tuum luceat” – permite-nos descortinar o caráter e a motivação de seu ministério episcopal, a serviço de Cristo e de Sua Igreja, sob o manto de Maria.

 “Que brilhe o teu sinal”. “Que a tua luz brilhe”. O lema encontra inspiração no capítulo 12 do Livro do Apocalipse: “um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, a lua sob os pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1). Esta mulher é identificada  por alguns autores, entre eles Santo Epifânio e São Jerônimo, com Maria, da qual nasceu Jesus.  Em razão dessa interpretação, Maria aparece com asas, em algumas representações antigas do Apocalipse, pois, conforme narrado no mesmo capítulo 12 (v.14), para escapar da perseguição do Dragão, a mulher recebe duas asas da grande águia para voar ao deserto.  

“Que a tua luz brilhe”. De Maria, nasceu Jesus, “o sol nascente, a luz que vem do alto e ilumina a  quantos jazem entre as trevas e na sombra da morte e para dirigir os nossos passos, guiando-os no caminho da paz.” (Lc 1,78-79).

“Que a tua luz brilhe”.  Que, em sua vida e por seu ministério, Monsenhor Darci, o Cristo, a luz das nações, a verdadeira luz que ilumina todo homem, brilhe por Maria, sempre intercessora e Perpétuo Socorro.

“Que a tua luz brilhe”. Seja o lema um farol no seu ministério episcopal. Que o Cristo, Bom Pastor, luz do mundo,  o fortaleça nos momentos de cansaço. Renove seu entusiasmo nas horas difíceis e seja sempre o horizonte, o rumo e a grande motivação de sua vida.

Seja bem-vindo, Monsenhor Darci, ao Colégio Episcopal, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB - e à Arquidiocese de Aparecida. 

A Virgem da Conceição Aparecida, sob cujo manto protetor  Vossa Reverendíssima inicia seu episcopado, proteja-o hoje e sempre. 

4º Domingo do Tempo Comum - Santuário Nacional


O evangelho que acabamos de escutar é continuação do capítulo 4 do evangelho de Lucas, cujo início foi lido no domingo passado. Se vocês   se recordam, Jesus, segundo o  evangelho de domingo passado, foi a sinagoga, em Nazaré e lhe deram o livro do profeta Isaías para ler. Jesus leu um texto do profeta em que está escrito. “O Espírito  do Senhor  está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção  para anunciar a boa-nova aos pobres; proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor”. E  Jesus acrescentou: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”

Jesus é aquele a quem o profeta Isaías se referiu. Ele se apresenta como o profeta. Aquele que anuncia a presença do Reino e como Filho de Deus e Messias  realiza o projeto salvador de seu Pai, prometido no Antigo Testamento. 

O profeta Jesus começa o seu caminho na Galiléia, mas vai consumá-lo em Jerusalém, onde dará a sua vida para a nossa salvação e ao ressuscitar, ele confiará aos apóstolos e aos seus sucessores, portanto, à Igreja, a missão de anunciar,  com a assistência do Espírito Santo, o seu Evangelho a todos os homens.  No início de sua missão, Jesus, como o profeta Jeremias, enfrentou a reação contrária de seus conterrâneos e até de seus familiares. “Todos na sinagoga ficaram furiosos e quiseram lançá-lo do alto de um monte num precipício, para matá-lo”. O verdadeiro profeta não é aplaudido porque ele não fala para agradar os outros, mas para iluminar com o seu testemunho e com a palavra de Deus a vida  das pessoas.

Pelo batismo, somos Igreja e por isso participamos também da missão profética de Cristo e devemos   procurar anunciar a Jesus Cristo no mundo de hoje pelo testemunho de vida, sobretudo o do amor, e pela palavra. 


É missão de todo batizado, de todo discípulo de Jesus, ensinar alguém para levá-lo à fé, respeitando, evidentemente, a consciência   das pessoas sem impor-lhes a nossa proposta.

Assim como Jesus, os apóstolos tiveram que enfrentar oposição a sua pregação, assim também, a Igreja,  o cristão, hoje, serão  muitas vezes, incompreendidos, rejeitados e até perseguidos por causa do Evangelho que anunciam. É em Deus, como rezamos no salmo responsorial, há pouco, que a Igreja, nós cristãos, encontramos a força para suportar e enfrentar as dificuldades para vencer o medo e superar os obstáculos à nossa missão. “Não tenhas  medo, disse o Senhor ao profeta Jeremias, senão eu te farei tremer na presença deles. Eu estou contigo para defender-te.” 

Estamos no Ano da Fé proclamado pelo Papa Bento XVI e neste ano somos convidados, de modo particular, a aprofundar nossa fé em Jesus Cristo e a testemunhá-la na vida diária com coragem e alegria na sociedade de hoje. 

Peçamos a Deus, por intercessão da Virgem Maria, que nos dê coragem, firmeza em nossa fé para não nos abatermos diante das dificuldades em nossa missão de levar Jesus Cristo e seu evangelho  a todos os ambientes nos dias de hoje, para colaborar no plano  de salvação do mundo.