As leituras deste domingo nos falam do amor de Deus para conosco manifestado de maneira visível em seu Filho Jesus Cristo.
Isaías descreve com imagens variadas tiradas da natureza e das deficiências físicas sanadas, o retorno do povo de Israel do exílio da Babilônia. Grande parte do que o profeta anuncia se cumprirá nos dias de Jesus: “Os ouvidos dos surdos se descerrarão e a língua dos mudos se desatará.”
Conforme o evangelho de Marcos, Jesus se retira para uma região da Decápole, fora da Palestina, e aí cura um surdo-mudo, a pedido, talvez, de familiares e amigos. Jesus atende ao pedido em favor daquela pessoa com deficiência. Primeiramente, Jesus quer separar o surdo-mudo da dependência e da tutela das pessoas que o cercam; em seguida, toca com a sua mão os seus ouvidos e a língua do deficiente; e por último, Jesus reza e restitui-lhe a audição e a fala.
Os milagres físicos feitos por Jesus são, também, símbolos de milagres espirituais que devem acontecer em nós.
Através dos milagres físicos, Jesus quer também nos curar e transformar interiormente. Na Bíblia os ouvidos surdos simbolizam um coração fechado, indiferente à palavra de Cristo, à palavra do evangelho e também às necessidades dos nossos irmãos.
Conta-se que um rabi entrou no quarto onde o filho estava mergulhado em profunda oração. Ao lado, na esquina da rua havia uma criança chorando. O Rabi perguntou-lhe: você não está ouvindo uma criança chorando? O filho respondeu: não, pai, eu estava em profunda oração. Então o rabi retorquiu: “Filho, quem está mergulhado em Deus, ouve até as moscas que caminham pela parede.” Deus não nos afasta do próximo; ao contrário nos torna mais sensíveis às misérias dos outros.
No batismo, há um rito, opcional, porém significativo. Quando o ministro usa essa possibilidade, ele toca os ouvidos e a boca da criança e diz.: “O Senhor Jesus, que fez os surdos ouvir e os mudos falar, lhe conceda que possa logo ouvir a sua Palavra e professar a fé para a glória de Deus.”
Peçamos ao Senhor nesta Eucaristia que abra o nosso coração, nossos ouvidos à Palavra de Deus para poder escutar melhor e interiorizar a Palavra de Deus e vivê-la, e escutar também nossos irmãos, especialmente, os que sofrem, e que abra, também, os nossos lábios para que não se apague em nós o ardor missionário para levar a boa-nova do evangelho em nosso ambiente social, com o nosso testemunho de batizado e com a palavra. Como batizados não podemos viver surdos e mudos a Palavra de Deus. Se somos cristãos e recebemos o Evangelho, temos o dever e o direito de anunciá-lo.
Peçamos, também, que sejamos vozes corajosas que saibam falar em defesa da vida, da justiça, da fraternidade e da paz.
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