Terminada a quaresma, iniciamos no Domingo de Ramos, a Semana Santa, cujo coração é o Tríduo Pascal, centro do ano litúrgico, no qual celebramos os mistérios da paixão, morte e ressurreição do Senhor.
Nesta manhã, de 5a. Feira-Santa, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, a Eucaristia presidida por mim e concelebrada pelos presbíteros diocesanos e por numerosos sacerdotes religiosos, com a participação de religiosos consagrados, seminaristas e fiéis leigos, é sinal de comunhão entre os sacerdotes dessa Igreja particular de Aparecida e com o seu pastor.
Hoje é um dia muito especial para toda a Igreja, mas particularmente, para nós sacerdotes, pois na celebração da Ceia do Senhor, a Igreja condensa diversos elementos básicos da vida cristã: a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial, como serviço a comunidade e o novo mandamento da caridade.
Foi no cenáculo onde Jesus realizou pela primeira vez a celebração da Eucaristia. Foi lá que Jesus tomou nas mãos o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei: Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”. Depois, tomou nas suas mãos o cálice com vinho e disse-lhes: “Tomai, todos, e bebei: Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados.” Em seguida, Jesus ordenou aos seus discípulos e àqueles que na Igreja participariam ministerialmente do seu sacerdócio que repetissem essas suas palavras, esse seu gesto de geração em geração até o fim dos tempos: “Fazei isto em memória de mim.” Os pastores da Igreja são um dom do Senhor para a sua Igreja. É ele quem os chama, santifica e os consagra com o dom do seu Espírito, e os envia a celebrar seus mistérios para a salvação do mundo. É o Senhor quem os fortalece para ser colaboradores do seu Espírito, com a pregação da Palavra, para a edificação da Igreja.
Ninguém tem direito ao sacerdócio. Ninguém pode escolhê-lo como se escolhe um emprego qualquer. “Todo Sumo Sacerdote, tirado do meio dos homens, afirma a Carta aos Hebreus, é nomeado representante deles diante de Deus. Ninguém, pois, atribua esta honra senão o que foi chamado por Deus.” (Hb 5,1-4).
O dom da vocação ao sacerdócio ordenado é um tesouro que trazemos, porém, em vaso de barro, como afirmava São Paulo em relação ao seu ministério apostólico. A consciência da nossa debilidade deve nos levar a cultivar a humildade, a união com Deus na oração, pois é dele que vem a fidelidade e não de nossas forças.
Queremos nesta missa do Crisma agradecer, louvar a Cristo pela instituição da Eucaristia, dom do seu amor a sua Igreja, memorial do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna. Queremos, também, bendizer a Cristo pelos presbíteros, chamados a participar do seu sacerdócio ministerial para continuar a sua missão salvadora em favor dos homens neste mundo.
Durante esta celebração eucarística os presbíteros concelebrantes irão renovar seus compromissos sacerdotais assumidos perante Deus, o Bispo ordenante e fiéis no dia da sua ordenação, com o propósito de permanecer, com a ajuda de Deus, fiéis a sua vocação. Vão renovar o compromisso do celibato, como configuração ao estilo de vida do próprio Senhor Jesus, modelo de todo pastor e como sinal de sua caridade pastoral na entrega a Deus e aos homens, com o coração pleno e indivisível.
Os sacerdotes irão renovar, também, seu compromisso de empenhar-se no exercício do tríplice ofício decorrente da ordenação: o anúncio da Palavra, a exemplo de Jesus que veio para evangelizar; a santificação dos fiéis pela administração dos sacramentos e a entrega generosa e sem reservas às pessoas confiadas aos seus cuidados pastorais, valorizando e acolhendo a todos, sem distinção, dando, porém, atenção especial aos enfermos, aos mais pobres e aos distanciados da comunidade paroquial.
O Arcebispo irá abençoar os óleos dos enfermos e dos catecúmenos e consagrar o óleo do crisma. Os santos óleos serão entregues aos párocos, ou a representantes de comunidades no final da missa, que os levarão consigo para as suas paróquias para serem usados na administração de alguns dos sacramentos.
A comunhão dos presbíteros com o seu Bispo se expressa na renovação dos compromissos sacerdotais feita perante o Bispo e diante da comunidade dos fiéis. Igualmente, a bênção e a entrega dos santos óleos pelo Bispo aos párocos significa que o ministério do Bispo se prolonga, se faz presente, em cada comunidade, através do ministério de cada presbítero.
O Bispo não pode estar presente em cada paróquia, por isso, ele se faz presente no ministério do sacerdote ordenado por ele e ao qual ele confia o cuidado pastoral de uma porção do povo de Deus da Diocese.
Caros irmãos, no ministério presbiteral, o padre é um “servidor da comunhão eclesial”, essa é a sua obrigação juntamente com a missão de evangelizar. Comunhão que deve ser exercitada continuamente no interior de toda a Igreja diocesana, no interior de cada paróquia, mas particularmente, no interior do presbitério.
O Documento Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, afirma que o presbítero deve amar e realizar sua tarefa pastoral em comunhão com o bispo e com os demais presbíteros da diocese. O ministério sacerdotal que brota da Ordem Sagrada tem radical forma comunitária e só pode desenvolver-se como tarefa coletiva. Nenhum sacerdote pode realizar plenamente o seu ministério isoladamente, fora da comunhão com seu presbitério e com o seu Bispo.
Aproveito o ensejo desta celebração da missa do Crisma e o início do Tríduo Pascal para desejar aos presbíteros diocesanos e religiosos, aos religiosos consagrados, aos seminaristas, a todos os fiéis desta Igreja Particular, aos romeiros e aos prezados rádio-ouvintes e telespectadores, um Santo Tríduo Pascal.
Aos presbíteros do clero diocesano e do clero religioso, desejo antecipadamente uma Feliz e Santa Páscoa, pois certamente não terei outra ocasião de encontrá-los todos reunidos como ocorre agora, nesta celebração do Crisma.
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