A primeira leitura do livro do Gênesis e o evangelho de
hoje nos falam da vitória de Cristo sobre o mal e o pecado, vitória da qual Ele
nos fez também participantes.
A narração da queda de Adão e Eva usa uma linguagem cheia de imagens para nos
falar de um acontecimento que sucedeu no início da história do homem. A palavra
de Deus escrita nos dá a certeza de fé que toda a história humana está marcada
pelo pecado chamado original, cometido livremente pelos nossos primeiros pais.
O homem foi querido por Deus para viver na sua amizade,
em harmonia consigo, com seu próximo, com a natureza, mas com o pecado original
essa harmonia foi quebrada: o homem se separou de Deus, sua relação com o
próximo e com a natureza se transformou em hostilidade. O pecado original foi
possível devido à liberdade que Deus deu ao homem e causado pelo orgulho do
homem que, seduzido pelo tentador, quis ser como Deus, seu criador: “Conhecedor do bem e do mal”.
A realidade do pecado original, descrita no livro do
Genesis, com a imagem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, comido
pelo homem, não é um fantasia, é uma realidade que está na raiz de nosso ser – homem e mulher – realidade da qual fazemos
experiência cada vez que pecamos, que
fazemos o mal.
O mal presente no mundo sob as mais diversas formas:
violência, injustiça, corrupção, mentira, agressão à natureza, não é porém, um fato irremediável, uma fatalidade. O
mal pode ser vencido. O amor e o perdão são mais fortes que o pecado. O homem
por si só não é capaz de se salvar. Deus, porém, não o abandonou a sua própria sorte depois do
pecado, mas lhe prometeu a vitória na luta contra o mal.
O texto do Gênesis que escutamos hoje, conhecido como
protoevangelho, já anuncia a promessa da salvação definitiva e é uma antecipação da história da salvação, da
história do amor de Deus para conosco.
“Porei inimizade entre ti e a mulher, disse
Deus a serpente, entra a sua descendência
e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.”
Essa promessa se realizou na história de Maria e de
Jesus. Jesus e também sua mãe, a Virgem Maria, esmagaram a cabeça da serpente,
o tentador, que introduziu o mal no mundo.
“Deus amou tanto o
mundo que enviou o seu Filho unigênito não para condenar o mundo, mas para que
ele seja salvo por meio dele” (Jo 3,16).
Afastando-se do paraíso e distanciando-se da árvore da
vida que não lhe pertence, o homem traz dentro de si o desejo do paraíso, da
felicidade e da vida em plenitude.
Cristo tornando-se homem solidarizou-se conosco e se
colocou ao lado dos pecadores. Com sua
divindade Ele nos arranca do poder do mal e pelo batismo nos faz criaturas
novas, vivificadas pelo Espírito Santo e herdeiros do reino dos céus. Ele veio
até nós para que nEle tenhamos vida e vida em plenitude.
Para isso, é necessário que o homem acolha a salvação que
Deus lhe oferece em Cristo e se abra a essa oferta pela fé. Agradeçamos a Deus
pela salvação que Ele nos oferece, pelo dom da fé que nos concedeu e por ter
restabelecido a nossa dignidade em Cristo e Maria.
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