As leituras que acabamos de escutar, a do primeiro livro dos Reis e a do evangelho de Lucas, relatam dois milagres: a ressurreição do filho da viúva de Sarepta e a ressurreição do filho da viúva de Naim.
Na primeira leitura, o profeta Elias realiza a ressurreição do menino não pelo próprio poder, mas graças ao poder de Deus a quem ele suplica confiante: “Senhor, meu Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas”. O Senhor ouviu a voz de Elias e o menino recuperou a vida.
No evangelho, Lucas destaca a compaixão de Jesus para com aquela mulher viúva, que levava o seu único filho para ser sepultado.
Jesus não espera, toma a iniciativa e se aproxima daquela mãe desolada e lhe diz: “Não chores!” Aproximou-se, tocou o caixão e disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” E Jesus o entregou à sua mãe.
Diferentemente do profeta Elias, Jesus não invoca a Deus, mas ressuscita o jovem com o seu próprio poder. “Eu te ordeno, levanta-te”.
Em Jesus, e por meio dele, Deus manifesta o seu poder sobre a vida e a morte. Jesus se revela não só como o grande profeta, mas como a presença de Deus entre o seu povo. “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”, exclama a multidão.
De fato, ressuscitar mortos é uma ação exclusiva do poder de Deus. O Deus da vida e da morte se faz presente em Jesus.
Somente Lucas, entre os evangelistas, narra esse milagre de Jesus. Temos, às vezes, a tendência em ressaltar o milagre realizado por Jesus. Mas é importante, também, prestar atenção na ternura, na solidariedade de Jesus para com os pobres, os sofredores representados na pessoa daquela mulher viúva que perdeu o seu único filho.
Com esse milagre, Jesus anuncia a sua própria ressurreição, que será de outra ordem. A nossa esperança na ressurreição se baseia na ressurreição de Cristo. Deus no seu poder dará definitivamente ao nosso corpo a vida incorruptível, unindo-o a nossa alma pelo poder da Ressurreição de Jesus. Nós ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele. E a comunhão do corpo de Cristo na Eucaristia é certeza de nossa ressurreição. “Quem come deste pão viverá sempre”.
Contemplando a atitude de Jesus, no Evangelho de hoje, peçamos-lhe que abra o nosso coração ao amor, à compaixão, à solidariedade para com nossos irmãos mais sofridos, mais necessitados, tornando-nos assim mais semelhantes ao próprio Jesus. E que a fé e a esperança da vida futura não nos afastem de nossos compromissos de construir um mundo mais justo e solidário, sinal do reino definitivo.