segunda-feira, 17 de setembro de 2012

24ª Domingo do Tempo Comum - Santuário Nacional


A primeira leitura do profeta Isaias nos prepara para compreender melhor a mensagem de Jesus no evangelho de hoje. O texto de Isaías descreve a vocação de um personagem misterioso, chamado “Servo do Senhor”, como a de um profeta. A missão do profeta comporta sofrimento, dificuldades, revezes, mas experimenta, também, a ajuda de Deus que é mais forte do que o sofrimento e por isso não se deixa abater pelo desânimo. Os primeiros cristãos viram neste “servo sofredor” a  figura de Jesus na sua paixão. 

Marcos, no evangelho de hoje, nos apresenta Jesus iniciando seu caminho para Jerusalém, onde dará sua vida para a salvação do mundo.

Após terem visto as obras extraordinárias realizadas por Jesus e escutado seus belos ensinamentos, Jesus faz uma pergunta fundamental aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro reconhece em Jesus, o Messias,  e em nome dos  discípulos, responde: “Tu és o Messias”.  

Na segunda parte do evangelho, vemos que a fé de Pedro e dos discípulos  ainda não era tão firme. Pedro   e os discípulos, de acordo com a mentalidade da época, esperavam um Messias glorioso, triunfador, nacionalista, guerreiro... 

Ao anunciar sua paixão, morte e ressurreição, Jesus se opõe a estas figuras do Messias esperado e escolhe o caminho do seguimento da vontade de Deus em sua vida, que é um caminho difícil, que comporta sofrimento e morte, e aqueles que se tornam seus discípulos devem seguir também o mesmo caminho; devem estar conscientes de que o seguimento de Cristo comporta renúncia, sacrifício, esforço. “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Os discípulos só irão entender o que significa  ser o Messias depois da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

O caminho de Jesus não termina com a paixão e com a morte, mas com a ressurreição, com a vitória sobre a morte e o pecado: “o Filho do Homem deve ser morto e ressuscitar depois de três dias”. 

Assim também  o caminho do discípulo de Cristo não termina na morte, mas o conduz a vida. “Quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, diz Jesus, vai salvá-la”. 

O evangelho de hoje convida a cada um de nós a fazer a si mesmo a pergunta: quem é Jesus para mim? O que Ele representa para a minha vida? O apóstolo São Tiago na segunda leitura nos adverte que a nossa fé em Jesus Cristo deve ter conseqüências, implica compromisso de viver e testemunhá-la com uma vida coerente. “A nossa fé se não se traduz em obras, por si só está morta”.  Traduzir nossa fé em obras é viver para Deus na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos.

Que a comunhão do corpo do Senhor na Eucaristia nos fortaleça e nos ajude a seguir a Cristo com todas as exigências e a coerência que exige a nossa fé.

domingo, 9 de setembro de 2012

23º Domingo do Tempo Comum - Santuário Nacional


As leituras deste domingo nos falam do amor de Deus para conosco manifestado   de maneira visível em seu Filho Jesus Cristo.

Isaías descreve com imagens variadas tiradas da natureza e das deficiências físicas sanadas, o retorno do povo de Israel do exílio da Babilônia. Grande parte do que o profeta anuncia se cumprirá nos dias de Jesus: “Os ouvidos dos surdos se descerrarão e a língua dos mudos se desatará.” 

Conforme o evangelho de Marcos,  Jesus se retira para uma região da Decápole, fora da Palestina, e aí cura um surdo-mudo, a pedido,  talvez, de familiares e amigos.  Jesus atende ao pedido em favor daquela pessoa com deficiência. Primeiramente, Jesus quer separar o surdo-mudo da dependência  e da tutela das pessoas que o cercam; em seguida, toca com a sua mão os seus ouvidos e a língua do deficiente; e por último, Jesus reza e restitui-lhe a audição e a fala.

Os milagres físicos feitos por Jesus são, também, símbolos de milagres espirituais que devem acontecer em nós. 

Através dos milagres físicos, Jesus quer também nos curar e transformar interiormente. Na Bíblia os ouvidos surdos simbolizam um coração fechado, indiferente à palavra de  Cristo, à palavra do evangelho e também às necessidades dos nossos irmãos. 

Conta-se que um rabi entrou no quarto onde o filho estava mergulhado em profunda oração. Ao lado, na esquina da rua havia uma criança chorando.  O Rabi perguntou-lhe: você não está ouvindo uma criança chorando? O filho respondeu: não, pai, eu  estava em profunda oração. Então o rabi retorquiu: “Filho, quem está mergulhado em Deus, ouve até as moscas que caminham pela parede.”  Deus não nos afasta do próximo; ao contrário nos torna mais sensíveis às misérias dos outros. 

No batismo, há um rito, opcional, porém significativo. Quando o ministro usa essa possibilidade, ele  toca os ouvidos e a boca da criança e diz.: “O Senhor Jesus, que fez os surdos ouvir e os mudos falar, lhe conceda que possa logo ouvir a sua Palavra  e professar a fé para a glória de Deus.”

Peçamos ao Senhor nesta Eucaristia que abra o nosso coração, nossos ouvidos à Palavra de Deus para poder escutar  melhor e interiorizar a Palavra de Deus e vivê-la, e escutar também nossos irmãos, especialmente,  os que sofrem, e que abra, também, os nossos lábios  para que não se apague em nós o ardor missionário para  levar a boa-nova do evangelho em nosso ambiente social, com o nosso testemunho de batizado e com a palavra.  Como batizados não podemos viver surdos e mudos a Palavra de Deus.    Se  somos cristãos e recebemos o Evangelho, temos o dever e o direito de anunciá-lo. 

 Peçamos, também, que sejamos vozes corajosas que saibam falar em defesa da vida, da justiça, da fraternidade e da paz.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Setembro: mês da Bíblia


Setembro, no Brasil, é o mês dedicado a Bíblia. O mês da Bíblia foi criado em 1971 com o objetivo aproximar os fiéis da Palavra de Deus, instruí-los e orientá-los para um aprofundamento da fé.  A Igreja no Brasil, a cada ano, propõe um livro para ser alvo de estudo e reflexão. 

 Em 2012, o tema de estudo será o Evangelho de Marcos, com o tema: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Marcos” e lema “Coragem! Levanta-te, Ele te chama!” (Mc 10,49).  Há, ainda, um dia especial  dedicado a Bíblia: é o último domingo do mês de setembro. Ao celebrar o Dia da Bíblia, a Igreja nos convida  a conhecer mais a  fundo a Palavra de Deus, a meditá-la para  colocar em prática seus ensinamentos. 

A Bíblia para nós cristãos é a Palavra de Deus contida nos livros sagrados, escritos sob a inspiração do Espírito Santo.  Jesus  é  o centro e o coração da Bíblia e Nele se cumprem todas as promessas feitas  no Antigo Testamento para o Povo de Deus. A leitura da Sagrada Escritura deve levar-nos ao encontro pessoal com Jesus Cristo, a amá-Lo,  imitá-Lo e  testemunhá-Lo em nossa vida. 

É muito importante cultivar o hábito da leitura da Bíblia, especialmente, no mundo de hoje marcado pelo individualismo e pelo relativismo ético, por incertezas e divergências diante de tantas opiniões sobre temas fundamentais, como a vida, a verdade, a família... É necessário deixar-se guiar pela Palavra de Deus interpretada pelo Magistério da Igreja, pois é na leitura assídua da Escritura, como afirma São Paulo, na segunda carta a Timóteo, que  o homem  de Deus alimenta sua fé, seu zelo missionário e seu reto agir.

 Se meditarmos profundamente cada texto da Bíblia, perceberemos que em qualquer circunstância da nossa vida, a Palavra de Deus é a  resposta para as  nossas incertezas, é  o conforto para os nossos sofrimentos e  tristezas, é a luz que ilumina nossos caminhos. Como afirma o salmista:  “a lâmpada para os meus passos é tua palavra e luz para o meu caminho” (Sl 119,105).

Portanto, a Bíblia não pode ser apenas mais um livro na sua coleção,  ou  um objeto de decoração na sua casa.  A Bíblia traz a Palavra de Deus escrita, fonte de sabedoria, que precisa lida, meditada e praticada. “Toda Escritura  é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra” (2 Tm 3,16-17) 

15 anos do Shalom em Aparecida - Santuário Nacional


Neste domingo, os textos do livro do Deuteronômio e do Evangelho, que acabamos de escutar nos falam das orientações que Deus nos deu  para nos guiar em nossa vida. São orientações sábias que se observarmos seremos mais felizes, viveremos  melhor.

Na primeira leitura do Deuteronômio, Moisés exorta o seu povo a guardar e a colocar em prática os mandamentos recebidos do Senhor Deus, no monte Sinai, “porque neles está a vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todos estas leis, digam: “Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação”.

No evangelho, Marcos nos apresenta Jesus criticando o legalismo excessivo dos fariseus e mestres da lei. Estes censuraram a Jesus porque seus discípulos “comem o pão sem lavar as mãos.”
No lugar da pureza exterior, das purificações externas, Jesus valoriza a pureza interior, a pureza do coração, que, na Bíblia, designa a consciência, o lugar onde nascem as decisões fundamentais que norteiam a nossa vida. “O que torna o homem impuro não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as coisas más que tornam impuro o homem.”

Os mandamentos, as bem-aventuranças devem ser para nós normas que nos mostram o caminho do bem, da felicidade, da nossa realização, enquanto pessoa humana, e, portanto, uma demonstração do amor de Deus para conosco. Os mandamentos são dom de Deus para  nós. 

Hoje o perigo parece não ser o legalismo, mas uma falsa defesa e exaltação da liberdade que considera qualquer preceito ou norma como imposição, opressão, destruidora do homem e de sua liberdade pessoal.
Corremos o risco de sermos como os fariseus e os doutores da lei, no tempo de Jesus, isto é, o de nos preocuparmos somente com o nosso exterior, com a nossa aparência, e nos esquecermos de nosso interior, do nosso coração. É importante aparecer, mas muito mais importante, é ser,  é a nossa identidade.

É preciso estar atento àquilo que está arraigado, incrustado no nosso coração, porque nós agimos de acordo com as idéias, as motivações, as convicções que alimentamos no íntimo do nosso coração, da nossa consciência.

Se alimentarmos o nosso coração com a palavra de Deus, com as atitudes e  gestos de Jesus, se nas nossas relações com o próximo, veremos nele um irmão, criado à imagem e semelhança de Deus, igual em dignidade, seremos melhores e o mundo será melhor, em nossa volta também.  

Na semana passada, encerramos o mês vocacional e começamos o mês de setembro, o mês da Bíblia. Neste ano, a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética propõe um estudo e leitura orante do evangelho de Marcos, sob a ótica do discipulado e da missão. Que a leitura e a meditação do  Evangelho de Marcos nos ajude a ser cada vez mais discípulos missionários de Jesus Cristo.  A escolha acertada da vocação é fundamental para a nossa própria realização e dela depende igualmente o bem que podemos e devemos fazer aos outros e à sociedade..