segunda-feira, 29 de julho de 2013

Santo Padre,

Com grande satisfação, acolho Vossa Santidade neste Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Esta Vossa visita pastoral ao Santuário da Padroeira do Brasil se caracteriza como um ato de devoção a Nossa Senhora.

São milhares de romeiros, Santidade, que peregrinam para este lugar que foi abençoado pela imagem milagrosa, encontrada no rio Paraíba, em 1717, e aqui venerada. Peregrinando, eles manifestam seu afeto filial à Virgem Maria, trazendo-lhe suas necessidades, angústias e gratidão. Mas, guiados sobretudo pela esperança, vêm fortalecer a fé e alimentar a caridade. Quando o Bispo de Roma se faz também um romeiro de Nossa Senhora, todos eles se sentem “confirmados na verdade da fé” por aquele que “preside na caridade todas as Igrejas”, “guiando a todos, com firme doçura, nos caminhos da santidade” (cf. Insediamento sulla Cathedra Romana, p. 7). 

Este Santuário é um importante “ícone” religioso nacional. Ao visitá-lo, podemos dizer que, simbolicamente Vossa Santidade está visitando todo o Brasil. É uma visita de peregrino, com a qual Vossa Santidade quis confiar a Nossa Senhora o grande acontecimento dos próximos dias, que é a 28a Jornada Mundial da Juventude. Todos nós nos unimos a esta oração, para que o encontro da juventude com o Sucessor de Pedro fortaleça a fé e o amor de nossos jovens a Jesus Cristo e suscite em todos eles aquele ardor missionário que se traduz no lema da Jornada: “ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).

Este santuário que O recebe com imenso júbilo, conta, a partir de hoje, a graça de ter recebido três Papas. Ele foi dedicado pelo Beato Papa João Paulo II, dia 04 de julho de 1980, e acolheu o Papa Emérito, Bento XVI, nos dias 12 e 13 de maio de 2007, por ocasião da abertura da 5a Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.

No início  da celebração desta Missa Solene, em nome dos devotos de Nossa Senhora Aparecida, desta Arquidiocese e de todo o Brasil, entregarei a Vossa Santidade uma réplica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, esculpida em madeira por um artista da região. 

A cor negra desta imagem, Santo Padre, segundo estudiosos, foi causada, provavelmente, pelo lodo do rio e da fumaça das velas. Ela tem sido interpretada como uma referência aos sofrimentos dos pobres e excluídos, especialmente do povo negro, ao longo da história do Brasil. Vê-la no rosto da Imaculada Mãe de Nosso Senhor desperta continuamente nossa Igreja para que seja comprometida com os pobres, e seja pobre também ela, para evangelizar. Assim, livre, pode servir a Nosso Senhor e a seu Evangelho.

Por meio da imagem que será dada a Vossa Santidade, peço a Nossa Senhora,  em nome do povo brasileiro,  que acompanhe e abençoe o Vosso ministério. Mas desejamos também que o pensamento, o afeto, e, sobretudo, as orações do Papa, acompanhem a grande nação brasileira, para que, justa e fraterna, se desenvolva na paz. E acompanhem a Igreja no Brasil, para que ela, fiel à sua missão de anunciar o Evangelho e testemunhá-lo no dia a dia, honre sempre sua história de fé, e avance, em meio aos desafios presentes, confiante na presença e na proteção divina e na maternal intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.

Santo Padre, seja muito bem-vindo a este Santuário que o acolhe com afeto e reverência filial, como sucessor de Pedro, Bispo de Roma e Pastor de toda a Igreja.

Foto: Thiago Leon

segunda-feira, 15 de julho de 2013

15º Domingo do Tempo Comum - Santuário Nacional

A primeira leitura de hoje, tirada do libro do Deuterônomio nos diz que conhecer, amar e viver a palavra de Deus escrita e contém a lei que Deus nos  deu no decálogo, não é impossível para o ser humano. Esta lei de Deus gravada no nosso coração aguarda somente que a coloquemos em prática, no dia-a-dia da nossa vida. 

O evangelho de Lucas que escutamos oferece, por meio da parábola do bom samaritano, uma aplicação prática da observância da lei de Deus na nossa vida. 

O doutor da lei certamente queria envolver Jesus  numa disputa sobre o que é certo e o que é errado, mas Jesus não caiu na armadilha. Jesus contou uma história do amor a Deus e ao próximo. 
Um doutor da lei, conhecedor da Escritura, fez um pergunta a Jesus: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Como se tratava de um doutor da lei, Jesus simplesmente pede-lhe que ele mesmo responda o que está escrito na Lei. “Amarás o Senhor teu Deus, respondeu o Doutor, de todo teu o coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo.” 

A resposta está correta, retrucou-lhe Jesus, mas Jesus acrescentou algo muito importante: “faze isso e viverás”. Não satisfeito com a resposta de Jesus e querendo desculpar-se, o doutor da lei, querendo envolver Jesus num outro discurso teórico, perguntou-lhe: “E quem é meu próximo?”
Jesus não dá nenhuma explicação teórica, abstrata, mas utiliza uma história muito significativa para tocar o coração daquele doutor da lei. Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu na mão de assaltantes 

A região é deserta e ali jaz um homem desconhecido e quase morto. Dois homens, um levita e um sacerdote, funcionários do templo de Jerusalém, veem o homem e passam adiante. Um samaritano, que para os judeus era considerado estrangeiro, impuro, inimigo, passando em viagem por aquele lugar, viu o homem caído à beira da estrada, não só se  aproximou-se e sentiu compaixão daquele homem, mas prestou-lhe os primeiros socorros e o levou a uma pensão, onde cuidou dele e pagou todas as despesas do tratamento.
Jesus concluiu a história fazendo ao doutor da lei uma pergunta: “na tua opinião, qual dos três foi próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. Ele responde, e mais uma vez  acerta: “Aquele que usou a misericórdia para com ele.”

O doutor da lei  sabe tudo o que ele quer e deve saber. Mas falta-lhe o principal, por em prática o seu conhecimento,  ou em outras palavras, viver da maneira coerente com seu conhecimento da Lei de Deus. É o que lhe diz Jesus: vai e faze a mesma coisa.

Caros irmãos, o nosso próximo é cada pessoa humana, sem distinção de raça, cor, nacionalidade, credo religioso. O amor é uma experiência de gratuidade e só assim ele é amor de verdade e gratificante. Não basta conhecer a lei de Deus, é necessário colocá-la em prática. Peçamos a Deus a graça de conhecer o que devemos fazer e a força para praticá-lo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

14 anos da Família Campanha dos Devotos

Nesta Celebração Eucarística queremos agradecer a Deus pelos 14 anos de existência da Família  Campanha dos Devotos. 

Graças a colaboração generosa dos participantes da Família Campanha dos Devotos, o Santuário tem prosseguido nos trabalhos de acabamento da Basílica de Nossa Senhora Aparecida e no trabalho de evangelização pelos meios de comunicação: a Rede Aparecida de Comunicação: a TV, a  Rádio Aparecida, o portal A12.com, a Revista de Aparecida, a Editora Santuário, o Jornal Santuário.

Entres as obras de acabamento do Santuário, quero destacar o revestimento, em mosaico, da Cúpula Central, que esperamos concluir em 2015.  Em 2014, iniciar-se-á a preparação da celebração dos 300 anos do encontro da imagem no rio Paraíba, em 1717. 

A proposta da   celebração do tricentenário do encontro da imagem  da Virgem da Conceição Aparecida, envolvendo toda a Igreja no Brasil, foi aprovada na última assembleia da CNBB, aqui em Aparecida. 

Queremos, também, celebrar este tricentenário em sintonia com o Santuário de Fátima, em Portugal, que estará celebrando o centenário em 2017, da aparição da Virgem Maria aos três pastorzinhos de Fátima, na Cova da Iria. Contamos com a generosidade e fidelidade de toda a Família Campanha dos Devotos.

A Igreja celebra hoje, no calendário litúrgico, a memória de uma santa jovem, Santa Maria Goretti, que viveu no final do século 19, perto de Roma. Órfã de pai, ajudou sua mãe a cuidar dos seus quatro irmãos menores. 

Quando  tinha apenas 12 anos e havia  feito a Primeira Comunhão resistiu, corajosamente, às propostas indecorosas e desonestas  de um jovem de 18 anos, que a assassinou com um punhal. 
Morreu perdoando o seu assassino. “Por amor de Jesus, disse Maria Goretti, eu o perdoo e desejo, de coração, que ele também vá comigo ao paraíso.” Foi canonizada pelo Papa Pio XII, em 1950, na presença da mãe e dos quatro irmãos.

No Evangelho de hoje, Jesus compara a sua estada  com os discípulos a uma festa de casamento. Jesus é o noivo e os discípulos são os convidados das bodas. O Antigo Testamento  apresenta a relação de Deus com  o povo de Israel como uma relação de amor entre o esposo e a esposa e, geralmente, referindo-se ao futuro. 
O tempo das bodas tão desejado no Antigo Testamento chegou, finalmente, com Jesus. São tempos novos e os discípulos de João estão fechados na velha mentalidade e ainda não abriram os olhos para a presença do Messias, do portador dos bens salvíficos, que é Jesus. 

O que importa agora é fazer parte dos amigos do noivo para alegrar-se em suas bodas. A plenitude dos tempos chegou e o convite é para todos se alegrarem. Não bastam práticas exteriores como o jejum, a esmola, se essas práticas não traduzirem uma verdadeira conversão do coração para Jesus e sua palavra. É preciso renovar-se, converter-se diante da pessoa de Jesus e de suas obras. 

Para aceitar Jesus Cristo e sua mensagem é preciso superar preconceitos, fanatismos, auto-suficiência, pois “não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem.”

Jesus não veio abolir o que Deus revelou no passado, mas veio levá-lo à plenitude. Por isso, ele não condenou a prática do jejum; ele próprio jejuou no  deserto, antes de começar sua pregação do Reino de Deus.

O importante é que as práticas externas traduzam a sinceridade do nosso coração,  sejam manifestação do verdadeiro amor a Deus e ao nosso irmão e não para nos vangloriarmos diante dos outros.