segunda-feira, 25 de abril de 2011

Domingo de Páscoa - Santuário Nacional


Hoje é Páscoa, o Domingo mais solene e mais festivo do ano para nós cristãos, porque celebramos a Ressurreição do Senhor, o triunfo da vida sobre a morte e o pecado. Este Domingo festivo vai se prolongar, como um “grande domingo”, por cinqüenta dias até a solenidade de Pentecostes e depois, em cada domingo do ano, que é para nós cristãos, o Dia do Senhor ressuscitado.

Cada Domingo do ano é como uma pequena páscoa, porque neste dia, celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. Por isso, o Domingo, dia do Senhor, é o dia mais importante para nós cristãos. E o domingo sem a Eucaristia, para nós cristãos, é um dia vazio.

Na primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, Pedro proclama com coragem a ressurreição de Cristo. Aquele que foi rejeitado por grupos religiosos e políticos e levado a morte de cruz, “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (AT 10, 40-41).

No evangelho, João, diferentemente dos três evangelhos sinóticos, diz que Maria Madalena foi sozinha, de madrugada, ao sepulcro para encontrar um morto, mas encontrou o sepulcro vazio e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Sai correndo para levar a notícia a Pedro.

Pedro e o outro discípulo foram ao sepulcro. Ambos viram que tudo estava em perfeita ordem: “as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo 20, 6-7). Tudo isso era sinal de que Jesus tinha sido libertado da morte. Por isso, “o outro discípulo, o discípulo que Jesus amava, viu e acreditou”. Os dois discípulos voltam para casa. O amor mantém Maria Madalena junto ao sepulcro. Por isso, será a primeira a encontrar-se com o Cristo ressuscitado e será também a primeira mensageira a levar a notícia da ressurreição aos discípulos e, através destes, a boa-nova de Páscoa alcançara o mundo inteiro.

Os apóstolos chegaram à fé plena na ressurreição após o encontro com o Senhor Ressuscitado e a efusão dos dons do Espírito Santo, em Pentecostes.

Nossa experiência de Jesus ressuscitado não é a mesma da comunidade primitiva. Nossa fé no Cristo ressuscitado se fundamenta no testemunho dos discípulos que se encontraram realmente com Ele, e esse testemunho está contido nos evangelhos. Nós devemos, também, tornar-nos testemunhas da ressurreição do Senhor no mundo de hoje. Talvez nossa fé no Cristo ressuscitado, Deus e homem, é fraca e pouco conseqüente, e por isso, insuficiente para transformar o mundo em que vivemos.

Crer no Cristo ressuscitado é começar a viver como ressuscitado, uma vida nova, de luta contra o pecado, contra o mal, e promover uma cultura de defesa da vida humana e da vida em geral no nosso planeta, uma cultura da solidariedade, da paz.

Proclamamos a presença do Cristo ressuscitado na sua palavra e preparamo-nos, agora, para acolhê-lo em nosso meio, nos sinais do pão e do vinho, convertidos no seu corpo e no seu sangue.

Levando-o em nosso coração, comprometamo-nos, também, a anunciá-lo aos nossos irmãos, como a Virgem Maria, Maria Madalena e os discípulos que, tendo se encontrado com o Senhor Ressuscitado, tornaram-se mensageiros dessa boa nova.

A todos uma Feliz e Santa Páscoa. Aleluia!

Vigília Pascal - Santuário Nacional


Iniciamos a Vigília Pascal com a bênção do fogo e a procissão do Círio Pascal acompanhada por todos nós, com nossas velas acesas no Círio, símbolo do Cristo Ressuscitado, luz do mundo. No lugar da cruz, temos hoje o Círio Pascal, sinal e símbolo de nossa vida de fé, indicando-nos que Jesus não somente morreu na cruz, mas que também ressuscitou e está presente entre nós, proporcionando luz e vida para cada um de nós.

As leituras bíblicas do Antigo Testamento que escutamos, nos descreveram alguns momentos importantes da história da salvação, desde a criação do mundo até ao seu ponto mais alto, a ressurreição de Cristo, história que continua até chegar ao seu fim, com a Nova Criação. Os textos sagrados nos convidam a admirar a manifestação misericordiosa de Deus em favor do seu povo.

Daqui a pouco, renovaremos nossas promessas batismais com o propósito de guardar, com a ajuda de Deus, a fé recebida da Igreja Católica e testemunhá-la até o fim de nossa vida.

Concluiremos esta Vigília Pascal, com a celebração eucarística, a mais importante do ano, renovando a presença do Cristo ressuscitado nos sinais do pão e do vinho, feitos alimentos para nós.

A notícia mais importante desta noite, nós a escutamos no evangelho de Mateus, trazida do céu por um Anjo às mulheres que, ao amanhecer, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro.

“Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galiléia. Lá vós o vereis” (Mt 28, 5-7)

“A ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em Cristo. Verdade recebida, vivida e testemunhada pela primeira comunidade cristã como verdade central, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida nos documentos do Novo Testamento, proclamada como fonte essencial do mistério pascal ao mesmo tempo que a Cruz” (CIC 638).

A nossa libertação do pecado e da morte realizaram-se no Cristo ressuscitado. “Se Cristo não ressuscitou, escreve São Paulo aos Coríntios, ilusória seria a vossa fé e ainda viveis em vossos pecados e os que morreram como cristãos pereceram para sempre” (I Cor 15,17-18).

Essa é a grande notícia que deve nos encher de esperança e alegria apesar da tentação do desânimo que sentimos ao ver tanta injustiça, violência, sofrimento no mundo de hoje.

Ao lado de tudo isso, há também sinais de ressurreição, de esperança: pessoas que lutam em defesa da vida e de sua dignidade, promovem a justiça, a solidariedade, a paz, entregam toda a sua vida em favor do bem das pessoas, particularmente, dos mais necessitados. Há muitos jovens que acalentam em seu coração projetos de um mundo melhor e estão apostando num amanhã melhor do que hoje. Há muita gente que acredita na vida, num mundo melhor, que acredita que um outro mundo de justiça, solidariedade e paz é possível, porque acredita no Cristo ressuscitado, caminho, verdade e vida.

Jesus ressuscitou! Ele não é um personagem do passado. Ele vive e vivo, Ele caminha na nossa frente; Ele nos convida a segui-Lo e a encontrar Nele o caminho da vida.

A todos, Feliz e Santa Páscoa! Aleluia!

Celebração da Paixão - Santuário Nacional


Hoje, Sexta-Feira Santa, celebramos a Paixão e Morte de Jesus na cruz.

Hoje e amanhã não se celebra a eucaristia. A sexta-feira e o sábado santo não são dias de luto, são dias de silêncio, meditação, agradecimento, contemplação da morte gloriosa de Jesus na cruz, enquanto aguardamos a celebração da eucaristia na noite da Páscoa, mas podemos nesta celebração comungar do Corpo do Senhor entregue por nós.

O centro da celebração de hoje é a cruz de Cristo e a cor litúrgica é o vermelho, cor do sangue de Jesus, derramado, livremente, e por amor, por toda a humanidade.

As leituras que escutamos há pouco e a adoração da cruz que faremos, em seguida, nos convidam a contemplar, silenciosamente, emocionados e agradecidos, Jesus pregado na cruz para nos libertar do pecado e nos reconciliar com Deus.

“Deus tanto amou o mundo, que entregou seu Filho único não para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele” (Jo 3, 16-17).

O profeta Isaías anuncia um Servo que vai se entregar pelos pecados do mundo, sendo ele o santo, o justo, o inocente. “Foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas o preço de nossa cura” (Is 52,5).

O autor da Carta aos Hebreus nos diz que este Servo anunciado por Isaías é Jesus Cristo e nos descreve também a dor e o fracasso da morte do Servo com palavras que os evangelistas não haviam utilizado. “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus” (Hb 5,7).

A narração da Paixão que neste dia é sempre a do evangelho de João nos mostra que Jesus sofreu não só por nós, mas conosco e muito mais do que nós. Salvou-nos não permanecendo nas alturas, mas assumindo toda a nossa dor. “E por nós homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus. Por nós foi crucificado, padeceu e foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia.” A paixão é apresentada por João como a hora de Jesus, o momento para o qual se dirige toda a existência de Jesus. A presença de Maria e do discípulo amado, na narração de João, completa a identidade da comunidade cristã, que nasce da cruz e se alimenta dos sacramentos simbolizados no sangue e na cruz, jorrados do lado de Jesus e em Maria como mãe da Igreja.

Da cruz na qual Jesus, o justo, está suspenso, Deus está ao lado de todos os que sofrem. A paixão de Cristo se prolonga na solidão dos idosos, nas vítimas inocentes da violência e da exclusão social, nos que sofrem qualquer tipo de discriminação, nas crianças e adolescentes vítimas de trabalho escravo ou de abuso sexual, nos doentes, nos encarcerados submetidos a condições desumanas de vida, nas vítimas das guerras, dos desastres naturais.

A morte de Jesus não foi fruto do azar. Pertence ao mistério de Deus, como o explica São Pedro aos judeus de Jerusalém, no dia de Pentecostes: “Jesus de Nazaré, entregue segundo o plano previsto por Deus, vós o crucificastes pela mão de gente sem lei, e o matastes” (At 2,23).

Ao entregar seu Filho por nossos pecados, Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que precede todo mérito de nossa parte: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas ele nos amou e enviou seu Filho para expiar nossos pecados” (I Jo 4,10). A prova de que Deus nos ama é que sendo ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8).

Ao contemplar Jesus cravado na cruz, devemos contemplar não só o seu sofrimento, mas a sua prolongação na humanidade e na nossa própria vida, mas sempre dentro da perspectiva pascal, do duplo movimento de morte e ressurreição.

A Sexta-Feira Santa aponta para a Vigília da noite de Sábado e para o Domingo da Ressurreição. A última palavra, tanto na vida de Jesus como em nossa vida, não é a dor nem a morte, mas a vida, a ressurreição, a felicidade plena em Deus.

Diante da cruz de Jesus, agradeçamos-lhe o seu amor. Peçamos-lhe perdão de nossos pecados. Digamos que cremos nele, que o amamos muito, que queremos segui-Lo até o fim de nossa vida, mesmo quando tivermos de carregar a cruz, que é inevitável, e quando fazemos de nossa vida, à semelhança de Cristo, uma doação aos outros.

“Como cristãos temos o dever de lutar contra o mal através de muitas tribulações, e sofrer a morte; mais associados ao mistério pascal e configurados à morte de Cristo, vamos ao encontro da ressurreição, fortalecidos pela esperança” (GS 22).

O evangelho de João nos convida a contemplar também Maria ao pé da cruz oferecendo o seu Filho ao Pai e participando como mãe dos seus sofrimentos e colaborando na nossa redenção. Diante da morte de Jesus, Maria não perdeu a esperança porque acreditou na ressurreição de seu Filho e se tornou para todos nós consolo e conforto em nossos sofrimentos e também causa de nossa alegria e de esperança.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Missa do Lava-pés no Santuário Nacional


Com a missa vespertina da Ceia do Senhor, iniciamos o Tríduo Sagrado que nos introduz na dinâmica do mistério pascal de Cristo: a passagem da morte para a vida gloriosa do Ressuscitado.

Na primeira leitura tirada do livro do Êxodo, o texto descreve como os judeus celebram a sua páscoa, cada ano, para fazer memória da sua libertação do Egito. A Páscoa para os judeus é memória da passagem de Javé que livra as casas dos israelitas da morte dos primogênitos e da passagem do Mar Vermelho, rumo à terra prometida.

Nós cristãos, celebramos também a nossa páscoa, a páscoa de Cristo, a sua passagem deste mundo ao Pai, através da morte na cruz, da sua ressurreição e glorificação à direita do Pai.

“Sabendo Jesus que chegava a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Na ceia de Quinta-Feira Santa, Jesus antecipou a entrega de sua vida, livremente e por amor. Nessa ceia, com os seus apóstolos, Jesus tornou presente, sacramentalmente, nos sinais do pão e do vinho, sua oferta ao Pai pela salvação de todos nós. “Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. “Este é o meu sangue da nova aliança, que será derramado por vós, para a remissão dos pecados.” A morte de Jesus na cruz é o sinal do seu amor extremo para conosco.

Jesus instituiu a Eucaristia que é a atualização do seu sacrifício, memorial de sua morte e ressurreição. “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (I Cor 11,26). É também a renovação da Ceia do Senhor na qual ele nos dá o seu Corpo e o seu Sangue como alimento de vida eterna.

A Eucaristia é também sacramento da presença real do Cristo ressuscitado entre nós, para ser visitado, adorado e glorificado por nós e ser levado aos enfermos e idosos impossibilitados de participar da celebração eucarística.

Na Quinta-Feira Santa, juntamente com a Eucaristia, Jesus instituiu o sacerdócio ministerial.

Ao dizer aos apóstolos: “Fazei isto em memória de mim”, Jesus quis ter a necessidade de homens que, consagrados pelo Espírito Santo, agissem em união íntima com a sua pessoa, para perpetuar, no tempo e no espaço o memorial de nossa redenção e para distribuir aos que se aproximassem da mesa do Senhor, o alimento da verdadeira vida.

Hoje é um dia especial não só para agradecer o tesouro da Eucaristia, fonte e cume da vida cristã, mas também para tomar consciência da importância dos presbíteros na Igreja e do seu vínculo com o sacramento eucarístico.

“Dom e mistério é o sacramento do altar, dom e mistério é também o sacerdócio, tendo surgido os dois, a eucaristia e o sacerdócio, do Coração de Cristo durante a Última Ceia” (João Paulo II)

O gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos durante a Última Ceia narrado por São João, define toda a vida de Jesus: doação de toda a sua existência para a libertação do homem do pecado e do mal. Lavar os pés de alguém era, na antiguidade, uma tarefa própria de escravos. Jesus faz-se escravo e lava os pés dos seus discípulos. A cena do Lava-pés, ao lado da cruz, expressa o cume da doação de si mesmo que Jesus faz à humanidade na Eucaristia. Ao substituir a narração da Eucaristia pelo lava-pés, São João mostra-nos que a Eucaristia ao nos unir a Cristo, deve levar-nos também a solidariedade com os nossos irmãos. Comungar o Cristo, é comungar com o irmão. A cena do lava-pés que vamos rememorar daqui a pouco não pode reduzir-se a uma representação sentimental do gesto de Jesus, mas deve expressar o nosso propósito de traduzir esse gesto de Jesus em atos de amor e de serviço aos nossos irmãos na nossa vida cotidiana.

É impossível separar a Eucaristia do amor fraterno. A entrega total de Cristo na Última Ceia pede de todo discípulo seu que se coloque a serviço do irmão mais necessitado. “Se eu, Senhor e mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13, 13-15). Lavar os pés uns dos outros significa fazer o bem aos outros, particularmente, aos mais necessitados. O Senhor Jesus nos convida a aprender dele a humildade e a coragem de retribuir sempre com a bondade e o perdão os que nos ofendem. Jesus manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso.

Missa do Crisma - Santuário Nacional


Vimos preparando-nos durante a quaresma para a celebração do tríduo pascal, celebração da Paixão e Ressurreição do Senhor, que começa hoje, à tarde, com a celebração da Ceia do Senhor.

A celebração da Eucaristia nesta manhã da quinta-feira Santa, chamada Missa do Crisma, é sinal de comunhão dos presbíteros com o seu bispo. Durante essa celebração eucarística vamos benzer os óleos dos enfermos, o óleo dos catecúmenos e consagrar o óleo do crisma. No final da celebração, será entregue a cada paróquia e comunidade uma porção dos santos óleos para ser usado na administração dos sacramentos. O bispo não pode estar presente em todas as paróquias e comunidades, por isso o seu ministério pastoral se prolonga, por meio dos presbíteros, nas paróquias da Arquidiocese.

Os presbíteros que conformam o presbitério da nossa Arquidiocese de Aparecida vão renovar durante a celebração eucarística os compromissos sacerdotais que fizeram no dia de sua ordenação sacerdotal e prometeram cumprir com a graça de Deus.

O Documento conclusivo da V Conferência de Aparecida nos recorda que a Igreja Católica existe e se manifesta em cada Igreja particular, isto é, em cada diocese, em comunhão com o Bispo de Roma, o Papa. A diocese, afirma o Concílio Vaticano II “é uma porção do povo de Deus confiada a um bispo para que a apascente com o presbitério”. A Igreja particular é totalmente Igreja, mas não é toda a Igreja. Ela é a realização concreta do mistério da Igreja Universal em determinado lugar e tempo. Para isso, ela deve estar em comunhão com as outras Igrejas particulares e sob o pastoreio supremo do Papa, Bispo de Roma, que preside todas as Igrejas.

A Conferência de Aparecida exorta cada Diocese a fortalecer sua consciência missionária, saindo ao encontro dos que ainda não crêem em Cristo no espaço de seu próprio território e responder aos grandes problemas da sociedade na qual está inserida. É chamada a sair também em busca de todos os batizados que não participam na vida das comunidades cristãs.

A Diocese é o primeiro espaço da comunhão e da missão, e por isso, cada paróquia, cada comunidade de vida consagrada, cada associação ou movimento é chamado a participar na missão evangelizadora da Arquidiocese.

A Igreja diocesana é dom e missão, porque ela é obra de Deus e existe por causa dEle; o próprio Cristo disse: edificarei a minha Igreja e nós, como aqueles que nos precederam na edificação desta Igreja particular de Aparecida, somos todos colaboradores de Deus e como colaboradores não podemos deixar de trabalhar para que a salvação de Deus alcance todas as pessoas de nosso território geográfico. Essa é a nossa missão “instaurar o reino de Deus pelo anúncio de Cristo e do seu Evangelho, fundando comunidades e levando-as a maturidade da fé e da caridade mediante a abertura aos outros, o serviço à pessoa e à sociedade.


Nesta manhã, queridos irmãos no ministério presbiteral, a Igreja nos convida a reviver aquele dia em que o bispo impôs as mãos sobre nossa cabeça, ungiu nossas mãos com o santo óleo do crisma e nos conferiu o sacramento da ordem por meio do qual, Cristo, o bom pastor, nos fez participantes do seu sacerdócio ministerial em favor dos homens. Ao trazer à memória o dia de nossa ordenação, reavivamos, também o dom, o carisma recebido pela unção do Espírito Santo pelo qual Cristo nos deu a autoridade e o poder de falar e de agir em seu nome, in persona Christi capitis. Agradeçamos a Deus a fidelidade a nossa vocação. Quantas vezes diante da grandeza e das exigências do nosso ministério experimentamos o que São Paulo escreveu aos coríntios: “trazemos este tesouro em vaso de argila, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós’ (2Cor 4,7).

Graças a Deus, às orações e ao apoio de tantas pessoas aqui estamos, para renovar nossos compromissos assumidos no dia da ordenação e para prosseguir com coragem, alegria e confiança nAquele que nos chamou, uma vez que fomos revestidos de tal ministério por misericórdia de Deus (2 Cor 4).

Queridos sacerdotes do clero diocesano e do clero religioso, na última ceia, Jesus chama os seus discípulos de amigos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas eu vos chamo de amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes frutos” (Jo 15,5). “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Por esta amizade, devemos nos empenhar cada dia, procurando cultivá-la através da oração, fundada na rocha da Palavra de Deus, pois como afirma a Exortação Pós Sinodal Verbum Domini, “a Palavra de Deus é indispensável para formar o coração de um bom pastor, ministro da Palavra”; procuremos alimentar esta união com Cristo na celebração diária da Eucaristia, que, como o sacerdócio, surgiu do coração de Cristo, na Última Ceia. Nosso ministério permanece sem frutos e perde sua eficácia se ele não brotar da comunhão íntima com o Cristo.

Aos sacerdotes religiosos e diocesanos, meus parabéns pelo dia da instituição do sacerdócio ministerial e a todos os presentes, consagrados, seminaristas, fiéis da Arquidiocese, romeiros, e àqueles que estão nos acompanhando em todo o Brasil pela TV Aparecida, Rádio Aparecida e Rede Católica de Rádio, meus votos de uma Santa e proveitosa celebração do Tríduo Pascal.

domingo, 17 de abril de 2011

Domingo de Ramos - Santuário Nacional


Estamos iniciando com o Domingo de Ramos ou o Domingo da Paixão do Senhor, a Semana Santa.

Aqui nos congregamos porque cremos em Jesus que nos ensinou a viver, a amar e nos mostrou o rosto bondoso de Deus nosso Pai e no final de sua vida terrena entrou em Jerusalém onde entregou sua vida na cruz por amor e para a nossa salvação. Este mesmo Jesus que morreu por nós, ressuscitou e continua presente entre nós e caminhando conosco, como Ele mesmo prometeu: estarei convosco até ao fim do mundo.

Hoje, gratos por esse amor e certos de que sua morte é fonte de vida para nós, vamos reviver aquela entrada de Jesus em Jerusalém e aclamá-lo como nosso Salvador, como fez a multidão na Cidade Santa que o seguiu e louvava: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus”! Nós também, hoje, o aclamamos, cantando Hosana, expressão hebraica, que quer dizer: dá-nos a salvação! Vamos reviver, também, neste domingo, o processo vergonhoso a que foi submetido Jesus e sua injusta condenação à morte.

Queremos também manifestar, publicamente, a nossa fé em Jesus, o Messias, numa sociedade que, muitas vezes, pretende reduzir a religião a uma questão meramente privada, como se o cristão não tivesse o direito de expressar livremente sua fé e o dever de iluminar esse mundo com a luz de Cristo. Os ramos abençoados que levamos em nossas mãos, vamos guardá-los em casa, até o próximo ano, com muito respeito e devoção, como sinal de nossa fé no Cristo, o nosso Salvador. Ouvimos há pouco a narração comovente da Paixão de Jesus segundo o evangelista Mateus. Jesus sofreu porque é humano como nós e porque nos amou infinitamente: a você, a mim, a todos nós. Sofreu moralmente com a traição de Judas, com o abandono dos seus amigos mais próximos, os apóstolos, e pela sua condenação injusta.

Sofreu fisicamente: a flagelação, a coroação de espinhos, o peso da cruz, e, finalmente, a crucifixão. Jesus morre como conseqüência e culminação de uma maneira de viver, ao serviço dos pobres e dos mais fracos, a serviço de um Deus que é amor, a serviço da libertação de uma religião escravizadora. Os que o condenam à morte, o fazem porque essa forma de entender a vida e a fé os estorva. Diante de tanto sofrimento, Jesus se mantém manso, humilde, forte, realizando em sua pessoa o que o profeta Isaías disse acerca do servo sofredor: “O Senhor Deus é meu auxiliador, por isso, não deixei-me abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não serei humilhado”. Diante do crucificado, devemos perguntar-nos: o que fez Jesus Cristo por mim? E o que eu fiz por ele? O que eu poderei fazer a partir de agora?

Hoje vivemos numa sociedade que propõe como ideal de vida o bem-estar material, uma vida sem nenhuma restrição e sem renúncia, uma rejeição a tudo que implica sacrifício. Caros irmãos e irmãs, o Crucificado nos diz que o caminho do discípulo passa pela cruz, pela renúncia, pelo combate contra o mal, pelo perdão, pela doação ao outro. “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, toma sua cruz e siga-me”. “Eu não vim para ser servido e sim para servir e dar a vida em resgate de muitos.”

O Domingo de Ramos nos ensina que a violência não se combate com a violência, a injustiça com outra injustiça, mas que o mal se vence, unicamente, com o bem e nunca com outro mal. Nesta celebração eucarística, como outrora o povo de Jerusalém, aclamemos Aquele que na Eucaristia vem ao nosso encontro nos sinais do pão e do vinho consagrados no corpo e no sangue de Cristo e que permanece sempre conosco e virá uma segunda vez com poder e glória.

Ao concluir este tempo forte da CF, o importante é que coloquemos em prática alguma ação concreta que contribua para melhorar a vida do planeta e que reconheçamos toda a criação como obra de Deus-criador e dom de seu amor por todos nós. Por isso, nós não somos donos da criação e sim seus administradores que devem usá-la, segundo o projeto de Deus.

Neste Domingo de Ramos realiza-se, em todo o Brasil, a coleta da CF para o Fundo de Solidariedade que tem como finalidade apoiar projetos relacionados com a preservação do meio ambiente e com o cuidado da vida no nosso planeta. Seja generoso na sua oferta!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Cruz – Caminho para a Ressurreição


Na Quaresma, a Igreja prepara-se para celebrar o mistério pascal de Cristo, sua passagem da morte a vida definitiva.

O tríduo pascal é o coração da Semana Santa; começa na Quinta-Feira Santa, prolonga-se até o Domingo da Ressurreição, e tem como ponto culminante a Vigília Pascal, celebrada à noite, no Sábado Santo.

Na Quinta- Feira Santa, Jesus celebra a ceia pascal com seus discípulos e antecipa, sacramentalmente, a sua morte na cruz: Jesus ao tomar o pão disse: “Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. Depois tomou o cálice dizendo: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados”. Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio ministerial com o poder e a ordem de repetir este seu gesto até o fim dos tempos: “Fazei isto em memória de mim”. Cada missa é memorial da oferta voluntária e do amor do Filho de Deus ao Pai pela salvação do mundo. Cada missa torna presente, atual, nos sinais do pão e do vinho, esta entrega do Cristo que tem um valor infinito e nos oferece os frutos da redenção.

Na Sexta-Feira Santa, a Igreja celebra o mistério da paixão e morte de Jesus na Cruz. A hora da cruz, na verdade, é a hora da glória de Cristo. Não é o sofrimento que salva e sim, o amor com o qual Jesus se oferece ao Pai por nós, amor que deu a sua paixão e morte um valor infinito. Com sua morte e ressurreição Jesus derrotou o demônio, autor do pecado, venceu o pecado e a morte e nos obteve a salvação.

A cruz de Cristo é o símbolo de todos os sofrimentos da humanidade e do fardo que cada um dos seus discípulos deve carregar diariamente. Não há dúvida que o sofrimento, seja ele qual for, é um mal contra o qual temos que lutar. Se não for possível vencê-lo, não devemos nos revoltar, nem resignar-se passivamente, mas fazer dele um encontro com Jesus crucificado, vencedor do mal e da morte. Só Cristo crucificado pode dar sentido àquilo que em si é um contra-senso. Contemplemos Maria ao pé da cruz, que, unindo a sua dor materna à de seu Filho, colaborou com a nossa salvação.

Na Vigília Pascal, a Igreja celebra jubilosa a Ressurreição de Cristo, a vitória da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado. Ao dar a vida por nós, Cristo nos libertou da morte com a própria morte. Feliz Páscoa!