sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Homilia - 22º Domingo do Tempo Comum - Santuário Nacional


Nos últimos domingos a Palavra de Deus nos convidava a viver de acordo com a esperança de poder participar da glória eterna que nos foi prometida. Diante desta esperança devemos perguntar-nos: qual deve ser nosso comportamento no dia-a-dia?

As leituras de hoje nos apontam o caminho: ser humildes e simples: fazer de nossa vida um serviço; ser abertos a todos; particularmente aos mais necessitados.

A antiga sabedoria do povo de Israel recomendava com freqüência a prática da humildade: “Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e humildade e serás mais estimado que um homem generoso”, diz-nos hoje o trecho do livro do Eclesiástico. Somente a pessoa humilde é capaz de acolher a Deus e as demais pessoas. Ser humilde é uma questão de realismo e de fé. A raiz da palavra humildade vem de humus, que em latim, significa terra, barro. É ter presente nossa condição de criaturas. Não é desprezar a si mesmo, mas reconhecer nossos limites e não se supervalorizar diante de Deus, nem diante do outro, nem diante de si mesmo.

O Evangelho de hoje nos fala que Jesus foi convidado por um dos chefes dos fariseus para uma refeição num dia de Sábado.

Sabemos que o banquete celebrado no dia de sábado era um símbolo do Reino celeste. Quem quiser entrar no Reino de Deus deve fazer-se pequeno a exemplo do próprio Cristo que “sendo Deus não usou do seu direito de ser tratado como um deus, mas se desprezou, tomando a forma de escravo. Tornando-se semelhante aos homens, e reconhecido em seu aspecto como um homem, abaixou-se, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz” (Fl 12, 6-8).

Se a humildade nos faz reconhecer nossa condição de criatura, o serviço nos faz estar atentos às necessidades dos outros. “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos ricos, pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa” (Lc 14,12).

É claro que Jesus não quer dizer que devemos ser grosseiros, deseducados, ingratos. O que Jesus quer nos dizer é que devemos ser generosos, “que há mais alegria em dar do que em receber”. E quanta gente boa, maravilhosa em nosso meio, em nossas comunidades! Pessoas que estão sempre dispostas a ajudar, a colaborar. Há também aquelas que não são capazes de mover um dedo se for não para tirar algum proveito, senão for por algum interesse próprio.

Estamos num momento importante da história política do país, o momento da eleição para Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Estaduais e Federais. É hora de discernir bem entre os que buscam seus próprios interesses que usam a propaganda para se promover, para seduzir o eleitor e aqueles que têm um passado de comprovado serviço em favor do bem comum, em particular, dos mais necessitados.

Finalmente, o evangelho nos diz que “quando deres uma festa, convida os pobres. Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (Lc 14,13-14). O Papa João Paulo II nos diz que hoje se faz necessária “uma nova fantasia da caridade”. É preciso descobrir ao nosso redor as pessoas que necessitam de uma palavra de conforto, de apoio, de uma atenção, de um caminho. Isso não rende dinheiro, nem fama aqui na terra, mas “a recompensa na ressurreição dos justos”. Maria é a humilde serva do Senhor que se colocou à disposição de Deus e da humanidade para a realização do plano divino de salvação.

Que a seu exemplo, nós sejamos também solidários com nossos irmãos e coloquemos nossos dons a serviço da construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Homilia 21º Domingo do Tempo Comum - Abertura da Semana Vocacional no Santuário

O tema da primeira leitura e do evangelho deste domingo é a salvação, a saber, a realização do fim último para o qual fomos criados: conhecer, amar e servir a Deus neste mundo e gozar de sua presença na eternidade. A salvação anunciada pelo profeta Isaías é universal, destinada a todos os povos, “virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão a minha glória”. É do povo eleito, do povo de Israel, contudo, que parte o anúncio dessa glória para todos os povos: “enviarei mensagens para as terras distantes e para aquelas que ainda não ouviram falar em mim e não viram minha glória”.

Deus escolherá também entre os pagãos alguns para serem sacerdotes e levitas, abolindo dessa maneira o privilégio exclusivo do povo de Israel.

O refrão do salmo responsorial que cantamos após a primeira leitura, proclama que o evangelho deve ser anunciado a toda criatura.

O Documento final da V Conferência de Aparecida convida todos os batizados a se tornarem discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nossos povos Nele tenham vida. Para isso, é necessário conhecer Jesus Cristo, sua mensagem, suas obras e fazer Dele o guia de nossa vida para poder levar a boa nova do evangelho às pessoas mais distantes ou que se afastaram da vida de nossos comunidades eclesiais.

Somente quem está enamorado de Cristo, é capaz de anunciá-Lo aos outros, como Caminho, Verdade e Vida.

Entre o povo judeu, na época de Jesus, havia uma preocupação com o número dos que haveriam de se salvar. Por isso, a pergunta dos discípulos a Jesus, no evangelho de hoje: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Alguns pensavam que somente o povo de Israel é que participaria da vida eterna; para outros, somente os que observavam a lei é que se salvariam. Jesus rompe esse esquema que reduzia a salvação a um número de pessoa que pertencia um determinado grupo religioso e mostra que o importante é “ser fiel na busca do reino e fazer a vontade de Deus.”

A imagem da “porta estreita” de que nos fala Jesus, alude, certamente, às muralhas que cercavam as cidades antigas para protegê-las contra os ataques dos inimigos. Para entrar na cidade havia uma porta larga por onde passavam as pessoas, os animais, carros de guerra. No tempo de guerra, essa porta era fechada e só ficava uma porta aberta, bem estreita e por onde podia passar somente uma pessoa.

À pergunta dos discípulos, Jesus não responde se serão poucos ou muitos os que se salvarão, mas convida a todos a corresponder ao amor de Deus. “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita”.

Com essa parábola, Jesus quer nos dizer que Deus quer a salvação de todos os homens, mas ela não se realiza de maneira mecânica, automática sem a vontade e a participação de cada um. Não basta ser batizado. O batismo não é um seguro de vida contra qualquer risco. É necessário esforçar-se para fazer o bem, praticar os mandamentos e conformar nossa vida com o Caminho que é o próprio Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida e procurar viver uma vida coerente com a nossa fé.

Deus não nos obriga a nada. Ele nos oferece a salvação, como um dom e nos convida a aceitá-la, como um dom mas não a impõe a ninguém. “Deus nos criou sem nós, mas não nos salvará sem nós”, disse Santo Agostinho. A parábola de Jesus é uma advertência não só para os judeus da época de Jesus, mas também, para nós hoje que vivemos numa sociedade marcada pela superficialidade, pelo relativismo, pela violência, pela falta de coerência e de fidelidade aos compromissos assumidos.

Estamos no mês vocacional e neste mês, o Santuário Nacional com a Arquidiocese de Aparecida promovem cada ano uma semana vocacional que tem como objetivo despertar a consciência de que todos somos vocacionados.

Deus chama a todos para uma vocação, para uma missão na Igreja, na sociedade, seja para o sacerdócio ordenado, para a vida religiosa, para o matrimônio. O leigo ao receber o batismo também é chamado a atuar com seu testemunho e sua ação na Igreja e na sociedade. Nesta semana queremos intensificar a oração em nossas comunidades pelas vocações, pois se a vocação é dom de Deus, então é necessário pedir ao Senhor da messe que não falte operários para trabalhar na vinha do Senhor.

Que Maria, a Virgem fiel nos ajude a permanecer firmes na fé que abraçamos no batismo e a testemunhá-la com alegria e coragem até o fim de nossa vida.

domingo, 15 de agosto de 2010

Homilia - Festa da Assunção de Nossa Senhora


Hoje, Domingo, 15 de agosto, celebramos a glorificação de nossa Mãe, Maria Santíssima, mãe de toda a Igreja, porque é mãe de Jesus Cristo. Celebrar a Assunção de Maria é celebrar a sua passagem desta vida terrena à vida plena de ressurreição.

Era lógico que Jesus Cristo, Deus e Homem, terminasse sua presença física na terra vencendo a morte e ressuscitasse como “o primeiro de todos os que morreram”, conforme afirmação de São Paulo.

Maria, ao contrário, era totalmente deste mundo e igual a nós. Deus, porém, a chamou dentre todas as criaturas humanas para ser a mãe de seu Filho Jesus e em virtude dessa vocação Maria foi preservada de todo pecado, coroada de toda graça e mais do o que ninguém participou de maneira especial na obra redentora de seu filho.

É por isso que Maria, na frente de todos que são de Cristo, por um privilégio especial, já vive na glória do Reino, em corpo e alma, unida à vida nova do seu filho ressuscitado, conforme rezamos no prefácio da missa deste dia: “Hoje, a Virgem Maria, mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Pois, Deus preservou da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável seu Filho feito Homem, autor de toda vida”.

Este acontecimento não está narrado nos evangelhos, mas traduz a fé do povo cristão que já nos primeiros séculos celebrava este evento baseado no fato de que aquela que Deus escolhera e preparava para ser a sua mãe - a cheia de graça – a toda santa – deveria também ser elevada aos céus em corpo e alma.

No evangelho de hoje, Isabel recebe a visita de Maria, sua prima, e a acolhe como a Mãe do Salvador: “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Isabel completa assim a primeira “Ave Maria”, iniciada pelo anjo Gabriel, seguida por milhões de outras “Ave-marias”, rezadas até hoje.

Isabel exalta a fé da Virgem de Nazaré: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu.”

Maria responde a saudação de Isabel com o Magnificat, um canto de felicidade, de agradecimento e louvor por Deus Ter olhado para a humildade de sua serva e realizado grandes coisas em seu favor. O Magnificat é todo ele uma recordação das intervenções de Deus na história de salvação. A festa de hoje é, sobretudo, uma festa de admiração, de louvor, de alegria, e de esperança ao contemplar as maravilhas feitas por Deus em Maria. Em meio as provações desta terra, a Igreja volta seus olhos para Maria como para uma luz que aponta para o horizonte: Maria já brilha como um sinal de esperança segura e de consolação para o Povo de Deus peregrino na terra. Ela é a imagem perfeita da Igreja futura, aurora da Igreja triunfante.

A Virgem Maria, que já alcançou a meta para a qual tendemos todos nós, garante-nos que a morte não é a última palavra, mas passagem para a vida, para a bem-aventurança eterna para aqueles que se empenham neste mundo em favor da vida, da justiça, da verdade e se esforçam por orientar a sua vida conforme os ensinamentos de Cristo, de acordo com o pedido de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Celebremos a eucaristia cheios de fé e de esperança e fortalecidos com a palavra de Deus e o corpo de Cristo, saiamos daqui dispostos a seguir fielmente o exemplo de Maria, modelo de todo discípulo de Cristo.

Peçamos também por todas aquelas e aqueles que a exemplo de Maria deram seu sim a Deus na vida consagrada, colocando-se no seguimento do Cristo obediente, pobre, casto, a fim de que sejam testemunhas de santidade no mundo de hoje e despertem em muitos jovens o ideal da vocação para a vida religiosa e para o sacerdócio ministerial.

Homilia - Romaria dos Arautos do Evangelho


Saúdo os Arautos do Evangelho em romaria ao Santuário Nacional neste sábado, dia da semana dedicado, tradicionalmente, a Nossa Senhora. Arautos do Evangelho é uma Associação Internacional Privada de Fiéis de Direito Pontifício e seu fundador é o Mons. João Clá Dias. Sua espiritualidade está alicerçada na Eucaristia, na devoção a Maria e ao Papa.

A Igreja celebra, hoje, a memória de São Maximiliano Kolbe, sacerdote franciscano conventual que recebeu no batismo o nome de Raimundo Kolbe. Foi grande devoto da Imaculada Conceição. Foi preso pela Gestapo, polícia secreta do regime nazista e deportado para o campo de concentração de Auschvitz, na Polônia. No campo de concentração ofereceu-se como voluntário para substituir um pai de família que tinha sido condenado a morte com mais nove prisioneiros, após uma frustrada tentativa de fuga. Jogado na chamada “cela da fome” o

Frei Maximiliano morreu de inanição junto com os nove prisioneiros, no dia 14 de agosto de 1941. O pai de família que foi salvo por ele, assistiu a sua canonização, em Roma, em outubro de 1982, pelo Papa João Paulo II.
O evangelho que acabamos de escutar nos mostra Jesus acolhedor de todas as pessoas, especialmente, das crianças que são simples, transparentes, sem as complicações de gente grande.

A atitude acolhedora de Jesus para com as crianças era algo totalmente novo, pois no tempo de Jesus um Rabi, um Mestre de Lei não dava atenção a uma criança. Um Rabi conversava com pessoas adultas e preparadas intelectualmente. No evangelho de Marcos, esta mentalidade é confirmada quando ele afirma que os discípulos repreendiam as crianças trazidas pelas mães até Jesus. Jesus, ao contrário da mentalidade da época, acolhia as crianças com ternura, colocava as mãos sobre as crianças, rezava por elas e chegou a apresentá-las como modelo para entrar no Reino dos céus.

Elas são modelo por sua capacidade de aceitar com simplicidade, sem preconceitos, a mensagem do evangelho; modelo de confiança nos pais; de humildade, de sobriedade, pois contentam-se com o pouco. A atitude de Jesus no evangelho de hoje deve nos levar a respeitar as crianças, defendê-las contra qualquer abuso sexual, a pornografia e o trabalho infantil e contra qualquer forma de violência. Elas tem o direito a uma atenção especial da Igreja, da família, do Estado.

Felicitamos todas as instituições que se dedicam ao bem-estar de nossas crianças e todas as pessoas que apóiam e contribuem voluntariamente com iniciativas a serviço da infância do nosso Brasil.
Estamos celebrando no Brasil a Semana da Família que tem como tema neste ano: “A Família formadora dos valores humanos e cristãos.” É fundamental que os pais procurem educar os filhos para os verdadeiros valores que deverão orientá-los na vida quando adultos. É dever dos pais, educar as crianças na fé, e no que se refere a afetividade e sexualidade humana.

Que Nossa Senhora Aparecida “proteja nossas crianças, esperança e riqueza de nosso país e as defenda das armadilhas que atentam contra a inocência e contra suas legítimas esperanças”. (Bento XVI).

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dia dos Pais - Início da Semana da Família


A liturgia deste 19º. domingo do tempo comum, convida-nos a abandonarmo-nos nas mãos de Deus nosso Pai e a esperar confiantes e atentos a vinda do Senhor Jesus.

O livro da Sabedoria oferece-nos uma meditação sobre a saída do povo de Israel do Egito. O povo que esperava a libertação estava vigilante naquela noite em que o Senhor Deus passou. Naquela noite da libertação, o povo judeu celebrou a primeira Páscoa, comendo o cordeiro pascal, cantando salmos de louvores ao Deus libertador, expressando, assim, o agradecimento a Deus e o compromisso de obedecer a Lei de Deus que representava o dom da liberdade para Israel e a luz e a vida para todos os povos.

A Carta aos Hebreus que será ainda lida nos próximos quatro domingos, nos fala, hoje, da fé e nos dá uma definição da mesma: a fé é pregustar o que seremos, é possuir já agora o que ainda se espera, é a certeza acerca de realidades que não se vêem.

O autor da Carta apresenta-nos dois modelos de fé obediente e confiante: a fé dos pais da promessa, Abraão e Sara, que já gozam da Jerusalém celeste, a cidade que esperavam. Abraão obedeceu a ordem de Deus e “partiu sem saber para onde ia”, e Sara, sua esposa, mulher estéril, “que se tornou capaz de ter filhos, porque acreditou no autor da promessa”.

A exemplos dos antepassados que caminharam na fé, somos chamados também, hoje, a peregrinar, procurando construir um mundo mais humano, justo, solidário que seja sinal, desde agora, da pátria verdadeira que esperamos.

A fé é dom de Deus e tarefa nossa. Ela nos é dada na família cristã, na comunidade através do testemunho de pessoas cristãs que vivem, no seu ambiente social, a fé que professam.

É necessário, porém, cultivar a nossa fé com a meditação da Palavra de Deus, a oração pessoal e comunitária, a participação na missa dominical, nos sacramentos e a vivência da fé, pois, a fé “cresce ou morre”.

A fé é como um transplante que nos dá olhos novos, os olhos de Jesus Cristo que nos faz ver com um sentido novo tudo que acontece na nossa vida: a alegria e a dor, a morte e a vida, o dinheiro, os fracassos, o trabalho, o sucesso e a humilhação.

No evangelho de hoje, escutado com os olhos da fé, podemos destacar quatro atitudes que devemos cultivar, como discípulos de Cristo: a confiança em Deus que nos ajuda a caminhar na vida apesar das dificuldades. “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o reino”.

O desprendimento das coisas materiais, para viver a generosidade com os outros. “Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe, onde o ladrão não chega, nem a traça corrói”.

A vigilância ante a segunda vida de Jesus Cristo: “Ficai preparados! Porque o Filho do homem vai chegar na hora em que menos pensardes.”

Ao felicitar os pais pelo seu dia, recordo-lhes o que diz o Documento final da V Conferência de Aparecida: “o pai tem o dever de ser verdadeiramente pai que exerce sua indispensável responsabilidade e colaboração na educação de seus filhos.” Sua atuação é insubstituível para o desenvolvimento da inteligência, do julgamento, da afetividade, da convivência e da vida religiosa dos filhos.

Hoje começa a Semana da Família que, neste ano, tem como tema de estudo e reflexão: “A Família formadora de valores humanos e cristãos”

Que a Eucaristia que hoje celebramos nos fortaleça e a Virgem Maria, modelo de fé, nos acompanhe em nossa caminhada rumo a bem-aventurança eterna.

Discípulos Missionários de Cristo com Maria - Festa de Nossa Senhora da Piedade


Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e deu-lhe uma especial participação na própria vida divina, em santidade e justiça. No desígnio de Deus o homem não deveria nem sofrer nem morrer.

O homem tentado pelo diabo, desobedeceu a Deus, quis tornar-se “como Deus” sem Deus, e não segundo Deus. Ao pecar, Adão e Eva perderam imediatamente para si e para todos os seus descendentes a graça da santidade e da justiça originais. Nisto consiste o pecado original, na privação da santidade e da justiça originais. Em conseqüência do pecado original, a natureza humana, sem ser completamente corrompida, está ferida em suas forças naturais, submetida a ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte e inclinado ao pecado.

Deus, porém, não abandonou o homem ao poder da morte, mas continuou buscando uma forma de trazê-lo de volta a seu convívio de amor. Logo após o pecado de Adão e Eva, Deus ascendeu uma luz de esperança para a humanidade: “porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,14).

É o primeiro anúncio do Messias redentor e da mãe de uma nova humanidade, cujo filho esmagará a cabeça orgulhosa da serpente, símbolo do diabo.

E quando se completou o tempo, o que era esperança tornou-se realidade. “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gl 4,4).

Em Maria dá-se o início da nova aliança de Deus com a humanidade. Muitos autores cristãos partem da afirmação de que Maria é a nova Eva. Todos nascem de Eva, mas todos são chamados a renascer em Maria. Concebidos por Eva no pecado, temos a possibilidade de nascer de novo por Maria na graça.

A redenção realizada pelo novo Adão – Jesus Cristo – obteve para a humanidade a nova Eva – Maria. Entre os dons da redenção Maria é um dos mais preciosos e, no entanto, quantos e até mesmo cristãos, desconhecem Maria, como mãe e não recorrem a sua ajuda na estrada da vida rumo a meta final que é o encontro com Deus! A maternidade de Maria se estende até os confins da terra e abraça todos os povos, assim como a redenção de Jesus Cristo alcança todo o mundo. Maria tem um único filho, Jesus, mas nele a sua maternidade espiritual se estende a todos os homens que ele veio salvar. Ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem Maria é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com o amor de mãe para o nascimento deles e para a formação deles na ordem da graça. O seu amor materno é a garantia de um futuro de paz para a humanidade. Ela é o modelo da nova humanidade porque representa a plenitude do amor. É plena de amor porque ela é verdadeiramente de Deus. Toda pessoa que deseja ser de Deus deve, antes de tudo, aprender a viver o amor.

Para viver o amor em todas as dimensões é preciso primeiro experimentar o amor de Deus, deixar-se amar por Deus. E quantas provas de amor Deus nos tem dado: o dom da vida, a criação com todas as suas riquezas e belezas, a salvação que nos oferece em seu Filho, Jesus, nossa família. Maria é exemplo de amor a Deus e ao próximo. Se somos seus filhos e devemos amá-la acima de todas as coisas, depois de Deus, devemos também imitá-la no amor a Deus e no amor aos nossos irmãos. Este amor a Deus e aos irmãos deve ser traduzido em ações e gestos concretos para que não fique somente em boas intenções. Ele é para nós modelo de atenção, de ternura, de serviço, de amor, de entrega e gratuidade.

“Em Maria nós encontramos a inspiração mais próxima para aprendermos como ser discípulos e missionários de Jesus. Nela encontramos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, e da mesma forma com os irmãos”. (DA 267, 272)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Boas Vindas - Inauguração da ala dos seminaristas no Seminário Bom Jesus


Excelentíssimo Senhor Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri
Excelentíssimo Dom Nelson Westrupp, Bispo da Diocese de Santo André e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB
Excelentíssimos Senhores Arcebispos e Bispos do Regional Sul 1 e da Província Eclesiástica de Aparecida
Caros Sacerdotes Diocesanos e Religiosos, Diáconos, Consagrados, Seminaristas e Fiéis Leigos

É-me grato registrar o nome de algumas autoridades civis e militares, presentes ou representadas e de algumas pessoas que representam instituições que colaboraram na restauração deste edifício. Peço-lhes que transmitam aos responsáveis o nosso sincero agradecimento.

Sejam todos muito bem-vindos ao Seminário Missionário Bom Jesus para a inauguração desta parte restaurada deste belo e histórico edifício destinado à residência e à formação dos seminaristas maiores da Arquidiocese de Aparecida. Meu agradecimento a todos pela sua presença que muito nos honra e alegra. Meu agradecimento muito especial a Dom Lorenzo, representante do Santo Padre Bento XVI junto ao Governo e à Igreja no Brasil, por ter aceito o convite para presidir esta Eucaristia que oferecemos na intenção de todos aqueles e aquelas que colaboraram com esta obra.

O senhor Núncio dará também a bênção a esta parte restaurada do edifício do Seminário Bom Jesus da Arquidiocese de Aparecida, neste dia em que se celebra em vários lugares do Brasil, a Festa do Senhor Bom Jesus, e este Seminário comemora os 116 anos de lançamento da sua pedra fundamental por Dom Lino Rodrigues de Carvalho, 8º. Bispo de São Paulo, no dia 06 de agosto de 1894. Este edifício grandioso estava destinado a ser “o Seminário Central” do Estado de São Paulo e sul do Brasil.

Em apenas 12 anos, isto é, em 1906, o prédio já estava construído e coberto, e levava na sua fachada o nome de “Casa de Nossa Senhora”, mais tarde, “Seminário Santo Afonso” e, hoje, “Seminário Bom Jesus”. Com a criação de novas Dioceses no sudeste do país, no decorrer do tempo, e a criação da Arquidiocese de Aparecida, em 1958, o Seminário Bom Jesus tornou-se um Seminário Arquidiocesano.

Dom Joaquim Arcoverde, Bispo Coadjutor de Dom Lino, em visita à Roma, no mesmo ano do lançamento da pedra fundamental deste Seminário, apresentou ao Papa Leão XIII o projeto da nova construção que recebeu o incentivo e a bênção deste grande Pontífice.

Ao chegar à Aparecida, em 2004, como Arcebispo desta “pequena mais insigne e querida arquidiocese de todo o povo brasileiro por sediar o Santuário de Nossa Senhora Aparecida”, Padroeira do Brasil, conforme escreveu o saudoso Papa Paulo VI, ao Cardeal Mota, primeiro Arcebispo desta sede arquiepiscopal, decidi elaborar um projeto de restauração deste histórico edifício que se encontrava em estado de deterioração.

Após a conclusão, em 2005, do projeto de restauração do edifício, o Santo Padre Bento XVI, anunciou em outubro do mesmo ano, a decisão de realizar a V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, junto ao Santuário Nacional e de inaugurá-la, pessoalmente, no dia 13 de maio de 2007.

A decisão do Papa Bento XVI animou-nos a recorrer a generosos benfeitores do Brasil e do Exterior, para que, com suas ajudas pudéssemos iniciar a primeira etapa da restauração do edifício, destinada a acolher com simplicidade e dignidade o Santo Padre Bento XVI e sua comitiva.

Num tempo recorde, em poucos meses, os dois primeiros andares do prédio estavam prontos para receber o Pontífice na sua primeira viagem apostólica intercontinental.

Era a segunda vez que um Papa visitava e se hospedava nesta casa. O primeiro foi o venerável Papa João Paulo II, em 1980, e o Papa Bento XVI, em 2007. O Seminário Missionário Bom Jesus se orgulha de ter recebido estes dois ilustres hóspedes, além de ter acolhido nas décadas dos anos de 20 e 30, a primeira santa do Brasil, a Madre Paulina, que aqui esteve em visita as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que hoje cuidam do Lar Nossa Senhora Aparecida.

Por isso, quisemos recordar e homenagear Santa Paulina e o venerável Papa João Paulo II, colocando na nova capela do Seminário suas imagens para que sirvam de inspiração para nossos seminaristas e, lá do céu, intercedam por eles e seus formadores.

Resta ainda completar a restauração da terceira e última etapa deste edifício, destinada a cursos, retiros, convenções e hospedagem, com o intuito de manter o seminário e o prédio.

Neste momento prefiro não declinar os nomes de todas as pessoas ou de instituições que colaboraram com a restauração das duas etapas já concluídas do projeto de reforma do edifício, com receio de esquecer de mencionar algum nome.

Ao completar a restauração de todo o edifício, será colocada uma placa comemorativa na entrada principal do prédio em memória dos benfeitores e como preito perene de gratidão a todos eles.

Nosso mais profundo agradecimento aos que até agora colaboraram com a restauração do Seminário Bom Jesus, e que Deus retribua a todos com copiosas bênçãos. Que as novas instalações do Seminário possam contribuir para uma preparação de qualidade dos futuros presbíteros desta Arquidiocese, a serviço do povo de Deus.

Obrigado a todos pela honrosa e grata presença.