sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Homilia 21º Domingo do Tempo Comum - Abertura da Semana Vocacional no Santuário

O tema da primeira leitura e do evangelho deste domingo é a salvação, a saber, a realização do fim último para o qual fomos criados: conhecer, amar e servir a Deus neste mundo e gozar de sua presença na eternidade. A salvação anunciada pelo profeta Isaías é universal, destinada a todos os povos, “virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão a minha glória”. É do povo eleito, do povo de Israel, contudo, que parte o anúncio dessa glória para todos os povos: “enviarei mensagens para as terras distantes e para aquelas que ainda não ouviram falar em mim e não viram minha glória”.

Deus escolherá também entre os pagãos alguns para serem sacerdotes e levitas, abolindo dessa maneira o privilégio exclusivo do povo de Israel.

O refrão do salmo responsorial que cantamos após a primeira leitura, proclama que o evangelho deve ser anunciado a toda criatura.

O Documento final da V Conferência de Aparecida convida todos os batizados a se tornarem discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nossos povos Nele tenham vida. Para isso, é necessário conhecer Jesus Cristo, sua mensagem, suas obras e fazer Dele o guia de nossa vida para poder levar a boa nova do evangelho às pessoas mais distantes ou que se afastaram da vida de nossos comunidades eclesiais.

Somente quem está enamorado de Cristo, é capaz de anunciá-Lo aos outros, como Caminho, Verdade e Vida.

Entre o povo judeu, na época de Jesus, havia uma preocupação com o número dos que haveriam de se salvar. Por isso, a pergunta dos discípulos a Jesus, no evangelho de hoje: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Alguns pensavam que somente o povo de Israel é que participaria da vida eterna; para outros, somente os que observavam a lei é que se salvariam. Jesus rompe esse esquema que reduzia a salvação a um número de pessoa que pertencia um determinado grupo religioso e mostra que o importante é “ser fiel na busca do reino e fazer a vontade de Deus.”

A imagem da “porta estreita” de que nos fala Jesus, alude, certamente, às muralhas que cercavam as cidades antigas para protegê-las contra os ataques dos inimigos. Para entrar na cidade havia uma porta larga por onde passavam as pessoas, os animais, carros de guerra. No tempo de guerra, essa porta era fechada e só ficava uma porta aberta, bem estreita e por onde podia passar somente uma pessoa.

À pergunta dos discípulos, Jesus não responde se serão poucos ou muitos os que se salvarão, mas convida a todos a corresponder ao amor de Deus. “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita”.

Com essa parábola, Jesus quer nos dizer que Deus quer a salvação de todos os homens, mas ela não se realiza de maneira mecânica, automática sem a vontade e a participação de cada um. Não basta ser batizado. O batismo não é um seguro de vida contra qualquer risco. É necessário esforçar-se para fazer o bem, praticar os mandamentos e conformar nossa vida com o Caminho que é o próprio Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida e procurar viver uma vida coerente com a nossa fé.

Deus não nos obriga a nada. Ele nos oferece a salvação, como um dom e nos convida a aceitá-la, como um dom mas não a impõe a ninguém. “Deus nos criou sem nós, mas não nos salvará sem nós”, disse Santo Agostinho. A parábola de Jesus é uma advertência não só para os judeus da época de Jesus, mas também, para nós hoje que vivemos numa sociedade marcada pela superficialidade, pelo relativismo, pela violência, pela falta de coerência e de fidelidade aos compromissos assumidos.

Estamos no mês vocacional e neste mês, o Santuário Nacional com a Arquidiocese de Aparecida promovem cada ano uma semana vocacional que tem como objetivo despertar a consciência de que todos somos vocacionados.

Deus chama a todos para uma vocação, para uma missão na Igreja, na sociedade, seja para o sacerdócio ordenado, para a vida religiosa, para o matrimônio. O leigo ao receber o batismo também é chamado a atuar com seu testemunho e sua ação na Igreja e na sociedade. Nesta semana queremos intensificar a oração em nossas comunidades pelas vocações, pois se a vocação é dom de Deus, então é necessário pedir ao Senhor da messe que não falte operários para trabalhar na vinha do Senhor.

Que Maria, a Virgem fiel nos ajude a permanecer firmes na fé que abraçamos no batismo e a testemunhá-la com alegria e coragem até o fim de nossa vida.

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