sábado, 2 de outubro de 2010

1º dia da Novena de Nossa Senhora Aparecida


Iniciamos, hoje, aqui no Santuário Nacional, a solene novena em preparação para a Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Este dia 03 de outubro, adquire, neste ano, um significado especial pela importância das eleições realizadas, hoje, em todo o Brasil, para Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.

Durante os próximos nove dias, os devotos de Nossa Senhora Aparecida presentes no Santuário e aquele que nos acompanharão em suas casas ou comunidades pelos meios de comunicação social são convidados a contemplar conosco a Virgem Maria como a perfeita seguidora de Jesus e a pedir-lhe que nos ensine e nos ajude a todos nós a caminhar, sob seu olhar, com seu Filho Jesus, até chegarmos à pátria celeste, onde ela intercede por nós e brilha como sinal de esperança segura e de consolação, aos nossos olhos de peregrinos (LG 68).

Durante esta novena queremos também pedir a Deus, por intercessão da Padroeira do Brasil, pelos eleitos neste primeiro turno das eleições e por aqueles que serão eleitos no segundo turno, para que exerçam o cargo para o qual foram ou serão eleitos, com justiça social e com uma visão ética, solidária e humanista.
O texto do evangelho de Lucas que acabamos de escutar narra o chamado dos primeiros discípulos: Pedro, André, Tiago e João. No barco de Pedro estava certamente seu irmão André, por isso ele não é mencionado explicitamente no texto de Lucas. A vocação destes primeiros colaboradores de Jesus aconteceu às margens do Lago de Genesaré, numa manhã quando os pescadores, após uma noite toda de trabalho, deixavam seus barcos na praia e lavavam suas redes.
Uma multidão se apertava em volta de Jesus para ouvir a palavra de Deus. Comprimido pelo povo, Jesus entrou no barco de Pedro e pediu-lhe que se afastasse um pouco da praia para que o povo pudesse escutá-lo. Pedro, cansado, não recusou o pedido de Jesus. Quando Jesus acabou de falar, fez mais um pedido a Pedro: “leve o barco para um lugar onde o lago é fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar”. Mesmo depois de ter trabalhado o noite toda sem apanhar nenhum peixe, Pedro se dispôs a fazer uma hora extra a pedido do Mestre; e sentiu-se recompensado, pois o resultado foi maravilhoso. Pescaram tamanha quantidade de peixe que as redes estavam se arrebentando. Então Pedro compreendeu que o sucesso da pesca dependeu do poder de Jesus e não de sua habilidade de pescador. Diante de Jesus Pedro reconheceu sua condição de pescador e quis manter-se distante Dele: “Afasta-te de mim, Senhor, pois sou um pecador”.
Mesmo pecador, Jesus precisa de Pedro e de seus companheiros para uma outra pesca, mais importante, de natureza diferente, e que será ainda mais miraculosa e que por isso necessitará ainda mais do auxílio divino: “não tenhas medo, disse Jesus a Pedro, de agora em diante serás pescador de homens”. Pedro e seus companheiros arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.
Em outubro de 1717, muitos séculos depois, aconteceu também uma pesca, desta vez no rio Paraíba, no município de Guaratinguetá. Foi para celebrar a passagem pela cidade do Conde de Assumar, novo Governador das Capitanias de São Paulo e das Minas Gerais. Três pescadores receberam ordens de apanhar peixes no rio Paraíba para o banquete em homenagem ao ilustre visitante.

Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso após várias tentativas sem apanhar peixe algum, remaram em direção ao lugar chamado “Porto de Itaguaçu”, onde o rio faz uma ligeira curva. João Alves foi o primeiro a lançar a rede e apanhou surpreso o “corpo de uma Santa” , sem a cabeça. Mais surpreso e admirado ele ficou quando ao lançar a rede uma segunda vez apareceu entre as malhas de sua rede a cabeça da mesma “santa”. Os três pescadores sentiram naquele momento que o encontro da “santa” era um sinal especial da proteção divina. A “santa” era a imagem de Nossa Senhora da Conceição, invocada mais tarde com o nome de Nossa Senhora Aparecida por ter aparecido nas águas do rio Paraíba. Do nome da imagem, deriva o nome da cidade: Aparecida. A imagem foi levada com respeito e devoção a para a casa de Felipe Pedroso. Aí começou a devoção a Nossa Senhora Aparecida que se espalhou pelo Brasil afora.
Nada acontece por acaso; tudo é providência! O encontro inesperado da imagem da Senhora Aparecida, era o anúncio de uma outra pesca ainda mais milagrosa: a atração de milhões de romeiros que despertados por Nossa Senhora Aparecida seriam conduzidos a Jesus Cristo e, por meio d´Ele, à comunhão com a Trindade Santa e igualmente à comunhão com os irmãos. Quantos favores divinos alcançados em todo o Brasil, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida nestes quase três séculos, desde o encontro desta pequenina imagem em 1717! “O Senhor olhou para a humildade de sua serva”. “Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada!”
Como Jesus ordenou a Pedro que lançasse a rede em águas mais profundas; como os três pecadores cheios de confiança na proteção da Santa lançaram as redes ao rio, assim também, hoje, desde o Santuário Nacional, Nossa Senhora Aparecida, nos convida a lançar com confiança e coragem as redes ao mundo, em águas mais profundas, como nos pede o Documento da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, realizada junto ao Santuário Nacional, para tirar do anonimato os que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé (DA 265).

Fixemos nosso olhar em Maria e reconheçamos nela a perfeita discípula missionária de Jesus. O seu olhar nos desperta e nos exorta a caminhar com Jesus e a fazer o que Ele nos diz para que possa derramar sua vida nos povos da America Latina e do Caribe. Junto com Maria queremos estar atentos à escuta do Mestre e sob seu olhar materno, queremos assumir o mandato missionário de seu Filho: “vão por todo o mundo e façam discípulos todos os povos”. Não nos esqueçamos, porém, que o espírito missionário só pode surgir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo e, para isso, é necessário que o discípulo missionário se alimente do Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia, centro da vida cristã. Que a Virgem Maria nos ensine a sair de nós mesmos, de nosso comodismo e nos desperte para o ardor missionário como fez Ela na visita a sua prima Isabel.

Virgem Mãe Aparecida, proteja a nós todos, nossas famílias e nossa Pátria! Faça de todos os seus filhos devotos, verdadeiros discípulos missionários de seu Filho, Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário