sexta-feira, 13 de maio de 2011

Conclusão da 49ª Assembleia Geral da CNBB - Santuário Nacional


Com essa Celebração Eucarística, estamos encerrando a 49ª Assembleia Geral da CNBB, acontecida aqui em Aparecida. Queremos elevar nossa ação de graças a Deus pelos trabalhos realizados, e pedir para que a Igreja continue agindo sob a ação do Espírito Santo para colocar em prática o que ele nos inspirou nesses dias.


Hoje, memória de Nossa Senhora de Fátima, é para nós um dia especial, pois há quatro anos o Santo Padre Bento XVI inaugurava a Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, aqui, junto ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil. Festa que nos remete à aparição da Virgem Maria em plena primeira Guerra Mundial aos três pastores Francisco, Jacinta e Lúcia, em Fátima, Portugal, com uma mensagem que os convidava à reza do terço e à penitência pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo. A memória de Nossa Senhora de Fátima também nos faz recordar o Beato João Paulo II, que por intercessão da Virgem de Fátima, teve poupada, milagrosamente, sua vida no violento atentado ocorrido no dia 13 de maio de 1981 e que abalou o mundo inteiro.


Estamos comemorando, neste ano, o 94o aniversário da aparição de Fátima que, segundo o Papa Bento XVI, foi a mais profética das aparições e trouxe grandes luzes para a nossa vivência cristã.
Não podemos nos esquecer que comemoramos, também, neste dia 13 de maio a abolição da escravatura, fato histórico que nos recorda um compromisso que ainda não foi totalmente assumido, diante das condições sociais de muitas pessoas afro-descendentes.


A Assembleia Geral está terminando e temos motivos para agradecer e comemorar, como a elaboração das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que apresenta como principais prioridades a missionariedade da Igreja, a conversão pastoral e a Palavra de Deus como o grande indicador iluminativo da ação evangelizadora e pastoral. O conteúdo da mensagem cristã não muda com o passar dos tempos. Porém, mudam os meios utilizados para a sua transmissão, compreensão e vivência. As Diretrizes devem ser o grande instrumento da ação evangelizadora da Igreja e, por isso, vem iluminar as Assembleias pastorais diocesanas e regionais, de modo que possam ser colocadas em prática, com a devida contextualização, em todo o Brasil.


Também foi eleita a Presidência que irá dirigir a CNBB nos próximos quatro anos, assim como as Presidências das Comissões Episcopais Pastorais, que agora são 12, além dos membros do Conselho Permanente eleitos pelos seus 17 Regionais e do Delegado da CNBB junto ao CELAM. Não foram eleições como a sociedade compreende, nas quais existem candidatos, disputa e interesses. Houve, antes de tudo, discernimento, a partir da oração, que teve como ponto alto o Retiro espiritual conduzido pelo Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, em Roma. Para os bispos, o cargo ou a missão recebida é sempre um serviço à Igreja e ao mundo e foi, a partir desse princípio, que os eleitos acolheram sua indicação e os eleitores fizeram suas escolhas.


Outros assuntos de importância, não só para a Igreja, mas também para toda a sociedade brasileira, e alguns de âmbito internacional, foram tratados, como a Celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, um dos maiores eventos da história da Igreja; os primeiros passos para a preparação da Jornada Mundial da Juventude, que esperamos ser anunciada após a jornada em Madrid; a aprovação das Diretrizes para o Diaconato Permanente e vários outros temas relevantes, incluídos na pauta.

A Assembleia foi uma grande manifestação da colegialidade episcopal, não só na oração e nos trabalhos, mas também, na convivência diária, entre os bispos e com aqueles e aquelas que exerceram diferentes funções na Assembleia e também com os romeiros que estiveram em Aparecida nesses dias. Podemos afirmar que Deus esteve conosco e iluminou os nossos passos.

A nova Presidência, ao assumir seus encargos, tem plena consciência de que não está sozinha neste trabalho. Por isso, conta, em primeiro lugar, com o auxílio divino e a proteção da Virgem Maria. Mas confia na colaboração de todos os irmãos bispos, presbíteros, consagrados e fiéis leigos. Todos são convidados a unir esforços para que, na comunhão, possamos construir o Reino de Deus na história da humanidade. O mundo de hoje marcado por tantas divisões, precisa de sinais de unidade. Somos chamados a trabalhar em conjunto, em comunhão, no respeito e valorização das diferenças e dos carismas de cada um.


O Papa João Paulo II já dizia que a comunhão fortalece a missão e a missão é para a comunhão. Neste ponto, também não podemos nos esquecer que o Documento de Aparecida evidencia a ministerialidade da Igreja. Mas esta não se limita à hierarquia que está a serviço do Povo de Deus. Ela é uma dimensão de toda a Igreja, cujo sinal visível de unidade da fé é o sucessor de Pedro, que para nós, hoje, é o Papa Bento XVI, a quem amamos e afirmamos nossa fidelidade.


A primeira leitura tirada dos Atos dos Apóstolos, narra a conversão e o batismo de Saulo que de perseguidor feroz da Igreja, tornou-se Paulo, corajoso anunciador do nome de Jesus. Como outrora, hoje a Igreja enfrenta também não só obstáculos para realizar sua missão, como o secularismo com uma visão da realidade sem referência a Deus, à fé, à religião.O laicismo com sua concepção do Estado que não leva em consideração a componente cristã da cultura do nosso povo e a realidade da Igreja como instituição da sociedade civil. Ela tem também desafios a vencer, como o número insuficiente de agentes de pastoral; a deformação da consciência moral; o esmorecimento do espírito missionário; a debilidade da formação cristã dos fiéis leigos; o fortalecimento do Projeto da Missão Continental; o aprofundamento da comunhão através de uma integração e cooperação maior das diversas comissões e organismos da CNBB.

Para que a Igreja permaneça unida a Jesus Cristo e seja fortalecida na sua missão, o Senhor nos alimenta com o seu corpo e o seu sangue nesta caminhada até à vida eterna. Este é, de fato, o grande alimento que nos foi dado por Deus e faz que Aquele que é exterior a nós, Jesus Cristo, viva em nós e nos una à sua própria vida, de modo que não vivemos mais para nós, mas para Ele, que se dá em alimento por nós. Somos chamados a alimentar o ardor missionário e a eficácia apostólica na Palavra de Deus e na Eucaristia.


Ao concluir a nossa Assembleia, queremos agradecer, em primeiro lugar, a Deus, fonte de todo bem; aos irmãos bispos da Presidência da CNBB, aos membros das Comissões Episcopais Pastorais e aos do Conselho Permanente que deixam seus cargos, após quatro anos de dedicado serviço à Conferência. Nossa gratidão ao Seminário Missionário Bom Jesus, nas pessoas do Pe. Matusalém, da senhora Silvia Aquino e da Senhora Maria da Penha, pela fraterna e amiga acolhida que nos foi dada durante a Assembleia. Agradecemos, em especial, ao Santuário Nacional, na pessoa do seu reitor, Pe. Darci José Nicioli, que nos acolheu, generosa e cordialmente, e com a sua equipe de trabalho, funcionários e voluntários, não mediu esforços para que tudo ocorresse da melhor forma possível. Agradecemos a todos os que estiveram conosco em oração: os romeiros que visitaram o Santuário nesses dias de Assembleia e os que nos acompanharam pelos meios de comunicação social.

A Mãe de Deus e nossa, a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que nos acolheu em sua casa nesta Assembleia, continue caminhando conosco. Ela, a Estrela da Evangelização, nos guie como peregrinos da história, no caminho que leva ao Reino definitivo. Assim possamos ser fiéis ao Espírito Santo que nos iluminou durante a Assembleia e chegarmos a colocar em prática as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

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