quarta-feira, 18 de abril de 2012

Missa de abertura da 50ª Assembleia Geral da CNBB


Caríssimos irmãos e irmãs: Acolho com alegria e especial apreço, neste Santuário, os estimados membros da CNBB: os senhores cardeais, arcebispos, bispos e administradores diocesanos; os assessores da CNBB; os subsecretários dos Regionais; os presidentes de organismos; os representantes das pastorais; os convidados para a Assembleia.

Saúdo cordialmente os queridos fiéis da Arquidiocese de Aparecida e os romeiros aqui presentes. Saúdo também os que nos acompanham pelos meios de comunicação - televisão, rádio e Internet -, pedindo-lhes que dirijam suas preces ao Bom Deus para que Ele nos ilumine e assista durante esta Assembleia.

As assembleias gerais de nossa Conferência Episcopal são momentos fortes de vivência do afeto colegial e de manifestação da comunhão existente entre nós e com o Santo Padre Bento XVI, cujo sexto aniversário da eleição como Pastor Supremo da Igreja, celebramos amanhã, e dia 24 próximo, celebraremos o 7º. aniversário do início do seu ministério petrino.

No contexto das assembleias gerais da CNBB, esta que ora se inicia – por ser a 50ª– reveste-se de um significado todo especial. É marco que enseja belas recordações, é momento de agradecimento pelo bem que assembleias anteriores fizeram à Igreja no Brasil e é ocasião de reconhecimento do quanto esses encontros nos ajudam, a nós, bispos, no exercício de nossa missão apostólica.

Caríssimos irmãos no episcopado: em estreita convivência, passaremos juntos os próximos dias. Será tempo vivido em oração, partilha fraterna, estudo e reflexão. A nossa “solicitude por toda a Igreja” (cf. 2 Cor 12,28), nos remeterá de um modo especial a diversos e importantes eventos da Igreja, cujas celebrações se aproximam. O próximo mês de outubro será um mês peculiar por motivo da coincidência de diversas grandes celebrações. Tocam-nos muito de perto e aumentam os motivos de nossa alegria e de comemoração, os sessenta anos de fundação da CNBB, que serão completados em 14 de outubro próximo e que teremos a oportunidade de, em conjunto, celebrar durante esta Assembleia.

Na agenda da Igreja universal consta, neste ano, a comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, acontecimento eclesial de grande magnitude, iniciado em 11 de outubro de 1962. Em outubro deste ano, comemoram-se também os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Para colaborar na difusão do Catecismo, foram elaborados também o Compêndio do Catecismo e, recentemente, o You Cat Brasil, publicado pela Paulus, e mais voltado aos jovens.

Coincidindo com o 50º aniversário do Concílio Vaticano II e o 20º aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, terá início em 11 de outubro vindouro um especial Ano da Fé, que o Santo Padre proclamou com o propósito de que ele seja “um momento de graça e de compromisso para uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n’Ele e para O anunciar com alegria ao homem do nosso tempo.” (Homilia, 16/10/2011).

Ainda em outubro do corrente ano, com a mesma motivação que inspirou a instituição do Ano da Fé, será realizada, entre os dias 7 e 28, a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento XVI, e que tem por tema “A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã”.
Queridos irmãos e irmãs: estamos no Tempo Pascal. Temos ainda bem presentes e muito vivas em nosso coração as ricas celebrações da Semana Santa, sobretudo as do Tríduo Pascal. É com a luz que recebemos da celebração da Páscoa do Senhor que, nesta 50ª Assembleia Geral, vamos nos dedicar ao aprofundamento do tema central “A Palavra de Deus na animação da vida e da ação evangelizadora da Igreja”. Temos o plano de finalizar, querendo-o Deus, este documento, e oferecer à Igreja no Brasil um válido instrumento de renovação e crescimento, pois, como afirmou o Concílio na Constituição Dogmática sobre a Palavra de Deus, “é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual, se fizermos crescer a veneração pela palavra de Deus, que «permanece para sempre»” (nº. 26).

A primeira leitura da Santa Missa de hoje recorda-nos precisamente a centralidade da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Os Sumos Sacerdotes do Templo e os partidários de Herodes, movidos pela inveja por causa dos inúmeros prodígios que Deus realizava por meio dos Apóstolos, mandaram prendê-los. Mas eles foram libertados pelo Anjo do Senhor, que lhes determinou continuassem a pregar com ousadia. Como não nos recordar do Mistério Pascal de Cristo? A prisão e a libertação dos Apóstolos são como que um prolongamento eclesial do mistério da Morte e da Ressurreição do próprio Senhor. A Palavra da Vida não pode ficar aprisionada na morte.

Chama particularmente nossa atenção a indicação que o Anjo faz a respeito do conteúdo que deveria ser pregado pelos Apóstolos: “Tudo o que se refere àquele modo de viver” (At 8, 20). Uma tradução mais literal diz: “tudo o que se refere àquela Vida”. Não uma teoria ou uma simples doutrina, mas um ensinamento a respeito de um modo de viver, de uma forma de vida. Trata-se, portanto, da vida cristã como participação na vida de Cristo que, “imolado, já não morre; e, morto, vive eternamente” (Prefácio da Páscoa III). Na carta aos Filipenses, São Paulo afirma que Jesus Cristo tomou a nossa “forma” (Fl2,6-7), tornou-se semelhante a nós. Agora, ressuscitado, nos concede participar da sua “forma de vida”, e isso é o que deve ser anunciado com ousadia.

Na Carta Apostólica Porta Fidei, o Papa Bento XVI afirma que “em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição” (nº 6). Portanto, é pela fé que se participa da Vida de Deus, que se entra nesse “modo de viver”. A última parte da resposta de Jesus a Nicodemos, que foi proclamada hoje no Evangelho, começa apresentando o motivo da Encarnação, Paixão e Ressurreição de Cristo: o amor infinito de Deus. “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). É essa a oferta que Deus continua a fazer ao mundo todo, por meio de sua Igreja, como nos recordou, com precisão, a primeira leitura. O amor de Deus, que O levou a dar-nos Seu Filho, é o mesmo motivo que O leva a determinar que o Evangelho seja pregado: para que todos, em Cristo, tenham a vida eterna, a luz, a verdade. Que todos possam encontrar a salvação, que é comunhão com Deus, com o amor da Trindade Santa.

Caríssimos irmãos e irmãs: a cada um de nós, a cada cristão, está confiado o dom desse imenso amor. A cada um de nós é também confiada a missão de anunciá-lo ao mundo, com “ousadia”, com entusiasmo. O testemunho de nosso “modo de viver” é necessário para que esse anúncio seja acreditável, acolhido e produza frutos.

Que esta 50ª Assembleia Geral da CNBB nos ajude nessa missão. Para isso nos confiamos à Virgem Mãe Aparecida que aqui nos acolhe e intercede por nós, para que, no amor salvador de Deus, e guiados pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, continuemos a “evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo” (DGAE, Objetivo Geral).

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