sexta-feira, 6 de abril de 2012

Missa do Lava-pés - Santuário Nacional - 05.04.12


Iniciamos, nesta noite, com esta missa vespertina da Ceia do Senhor os três dias centrais de nossa fé: o Tríduo pascal. Só podemos entender de verdade, os mistérios que vamos celebrar na liturgia, se cremos e experimentamos que a celebração da paixão, morte e da ressurreição de Jesus Cristo são a expressão máxima do amor do Pai por nós. Somos convidados a acompanhar, com fé e com amor, a Jesus nos momentos derradeiros de sua vida terrena e “revestir-nos dos mesmos sentimentos de Cristo” ao reviver os mistérios centrais de nossa fé.

O centro da celebração da Quinta-Feira Santa é a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial e o novo mandamento do amor que Jesus deu aos seus discípulos. É o testemunho, a última vontade que Jesus deixa para os seus quando, Ele já não mais estiver entre eles fisicamente.

São João, o autor do quarto evangelho, não narra a instituição da Eucaristia, provavelmente, porque os outros três evangelhos e São Paulo já o haviam feito e, além do mais, quando João escreveu o seu evangelho no final do primeiro século, a celebração da eucaristia já era corrente nas comunidades cristãs.

Sabemos pelos evangelhos sinóticos e pela primeira carta de Paulo aos coríntios que escutamos há pouco que, na noite, antes de sua Paixão, Jesus instituiu a Eucaristia. “O Senhor Jesus tomou o pão e depois de dar graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. Depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”.

Jesus instituiu a Eucaristia, que é o sacramento, o memorial perpétuo das maravilhas de Deus realizadas por seu Filho Jesus. Jesus dá um sentido totalmente novo a páscoa judaica que ele celebrou com os seus discípulos, na noite, antes de ser entregue. A Páscoa judaica, como escutamos na primeira leitura do livro do Exodo, é o memorial, isto é, a atualização da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito e sua caminhada para a terra prometida.

Na ceia, Jesus antecipa nos sinais do pão e do vinho o seu sacrifício e a entrega que ele fará no dia seguinte. O pão e o vinho são um sinal real e eficaz de Jesus que se entrega à morte para a salvação de todos num ato extremo de amor e de solidariedade para com a humanidade. É a nova e eterna aliança de Deus com a humanidade, selada no seu sangue. Os apóstolos só compreenderam o significado profundo daquela ceia depois que receberam o Espírito Santo, fruto da ressurreição de Jesus.

Por duas vezes, Paulo cita as palavras de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”. Jesus ordena, portanto, aos seus discípulos, constituindo-os sacerdotes do Novo Testamento e àqueles que na Igreja participariam ministerialmente do seu sacerdócio pela ordenação, que repetissem essas suas palavras, esse seu gesto de geração em geração, até a sua volta, para que ele continuasse presente no seu corpo e no seu sangue por meio dos sacerdotes ordenados.

Agradeçamos a Jesus a instituição da Eucaristia, memorial, atualização do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna, sinal do seu grande amor por nós. Rezemos pelos nossos sacerdotes e pelas vocações sacerdotais para que não nos falte santos, preparados e numerosos ministros para anunciar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos e servir o povo de Deus.

No lugar da instituição da Eucaristia, São João narra a cena do Lava-pés. Durante a ceia com seus discípulos, “Jesus levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. Participar da Eucaristia, comungar o corpo e o sangue de Cristo, é comprometer-se a fazer da própria vida uma entrega fraterna e solidária aos nossos irmãos, especialmente, aos mais necessitados, os enfermos, os pobres, as pessoas com deficiência, os anciãos, as crianças.

A CF deste ano: Fraternidade e Saúde Pública, com e lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra”, recorda-nos que uma forma de exercer a caridade para com o outro é tomar consciência do direito que cada um de nós tem à saúde, a sua preservação e conservação, e para isso, o acesso aos serviços públicos de saúde que é um direito de todo cidadão e obrigação do Estado de garanti-los.

Todos nós batizados, a começar por quem preside a comunidade em nome de Cristo, devemos nos colocar humildemente a serviço da comunidade, dos homens e mulheres que formam a sociedade concreta em que vivemos: “dei-vos o exemplo, disse Jesus aos apóstolos, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.

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