sexta-feira, 6 de abril de 2012

Missa do Crisma - Santuário Nacional - 05.04.12


A celebração eucarística, nesta manhã, de 5a. Feira-Santa, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, presidida por mim e concelebrada pelos presbíteros diocesanos e por numerosos sacerdotes religiosos: é sinal de comunhão entre os sacerdotes do presbitério dessa Igreja particular de Aparecida e com o seu pastor que a preside na pessoa de Jesus Cristo.

Hoje é um dia muito especial para toda a Igreja, mas particularmente, para nós sacerdotes, pois, a Igreja revive neste dia a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial. Foi no cenáculo onde Jesus realizou pela primeira vez a celebração da Eucaristia. Foi lá que Jesus tomou nas mãos o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei: Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”. Depois, tomou nas suas mãos o cálice com vinho e disse-lhes: “Tomai, todos, e bebei: Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados.” Em seguida, Jesus ordenou aos seus discípulos e àqueles que na Igreja participariam ministerialmente do seu sacerdócio que repetissem essas suas palavras, esse seu gesto de geração em geração até o fim dos tempos: “Fazei isto em memória de mim.” Os pastores da Igreja são um dom do Senhor para a sua Igreja. É ele quem os santifica e os consagra com o dom do seu Espírito, quem os envia a celebrar seus mistérios para a salvação do mundo, quem os fortalece para ser colaboradores do seu Espírito, com a pregação da Palavra, para a edificação da Igreja. É por meio do ministério dos sacerdotes ordenados que Jesus se faz presente no seu corpo e no seu sangue.

Queremos nesta missa do Crisma agradecer, louvar a Cristo pela instituição da Eucaristia, dom do amor de Cristo a sua Igreja, memorial do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna. Queremos, também, bendizer a Cristo pelos presbíteros, chamados a participar do seu sacerdócio ministerial para continuar a sua missão salvadora em favor dos homens neste mundo. Agradeçamos a Deus nesta eucaristia os sacerdotes, religiosos e diocesanos que exercem o seu ministério presbiteral na nossa Arquidiocese de Aparecida para o bem do nosso povo.

Nesta celebração eucarística os presbíteros concelebrantes irão renovar seus compromissos sacerdotais assumidos no dia da sua ordenação com o propósito de permanecer, com a ajuda de Deus, fiéis a sua vocação. Vão renovar o compromisso do celibato, como configuração ao estilo de vida do próprio Senhor Jesus, modelo de todo pastor e como sinal de sua caridade pastoral na entrega a Deus e aos homens, com o coração pleno e indivisível. Os sacerdotes irão renovar, também, seu compromisso de empenhar-se no exercício do tríplice ofício decorrente da ordenação: o anúncio da Palavra, a exemplo de Jesus que veio para evangelizar; a santificação dos fiéis pela administração dos sacramentos e a entrega generosa as pessoas confiadas aos seus cuidados pastorais, valorizando e acolhendo a todos, dando, porém, atenção especial aos enfermos, aos mais necessitados e indo ao encontro dos distanciados da comunidade paroquial.

Irei abençoar os óleos dos enfermos e dos catecúmenos e consagrar o óleo do crisma. Os santos óleos serão entregues aos párocos, ou aos representantes de comunidades no final da missa, que os levarão consigo para as suas paróquias para serem usados na administração de alguns dos sacramentos.

A comunhão dos presbíteros com o seu Bispo se expressa na renovação dos compromissos sacerdotais feita perante o Bispo e diante da comunidade dos fiéis. Igualmente, a bênção e a entrega dos santos óleos pelo Bispo aos párocos significam que o ministério do Bispo se prolonga, se faz presente, em cada comunidade, através do ministério de cada presbítero.

O Bispo não pode estar presente em cada paróquia, por isso, ele se faz presente no ministério do sacerdote ordenado por ele e ao qual ele confia o cuidado pastoral de uma porção do povo de Deus na Diocese.

Caros irmãos, no ministério presbiteral, o padre é um “servidor da comunhão eclesial”, essa é a sua missão juntamente com o anúncio do Evangelho. Comunhão que deve ser exercitada continuamente no interior de toda a Igreja diocesana, no interior de cada paróquia, “entre os sacerdotes, religiosos e leigos, evitando divisões estéreis, críticas e suspeitas nocivas”.

O Documento Conclusivo da V Conferência afirma que o presbítero deve amar e realizar sua tarefa pastoral em comunhão com o bispo e com os demais presbíteros da diocese, com os religiosos e leigos. O ministério sacerdotal que brota da Ordem Sagrada tem radical forma comunitária e só pode desenvolver-se como tarefa coletiva. Nenhum sacerdote pode realizar plenamente o seu ministério isoladamente, fora da comunhão com seu presbitério e com o seu Bispo. No encontro com o clero de Roma, no início da quaresma, o Papa Bento XVI chamava a atenção para o cultivo de três virtudes que são indispensáveis para caminharmos juntos no seguimento de Cristo: “A humildade que é viver a verdade; é aceitar a mim mesmo como pensamento de Deus, tal como sou, nos meus limites e desta forma, na minha grandeza, como imagem e semelhança de Deus. Só aceitando-me a mim no grande tecido divino posso aceitar também os outros, que formam comigo a grande sinfonia da Igreja e da criação.” A segunda virtude é a doçura, a mansidão que não quer dizer debilidade, fraqueza. Cristo foi firme, mas sem deixar de ser manso, bondoso. A terceira virtude à qual o Papa se referiu é a capacidade de não só suportar, mas de aceitar “àquele que em Jesus Cristo é meu irmão ou minha irmã e no qual devo enxergar a riqueza do seu ser e das ideias da fantasia de Deus.” Peçamos a Deus que nos dê a graça de crescermos a exemplo de Cristo, o Bom Pastor, manso e humilde de coração, na humildade, na mansidão, e na aceitação e valorização do outro.

Aproveito o ensejo desta celebração da missa do Crisma e o início do Tríduo Pascal para desejar aos presbíteros diocesanos e religiosos, aos consagrados, aos seminaristas, a todos os fiéis desta Igreja Particular, aos romeiros e aos prezados rádio-ouvintes e telespectadores, um Santo Tríduo Pascal.

Aos presbíteros do clero diocesano e do clero religioso, o meu apreço e meu agradecimento pela pessoa e o ministério de cada um, a serviço desta Igreja local de Aparecida. A todos meus sinceros votos de uma feliz e santa Páscoa na alegria do Cristo Ressuscitado!

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